Epílogo : Luz que veio depois.
Anos depois, uma nova manhã despertava a casa. Havia brinquedos no tapete, espalhados como se tivessem sido abandonados em uma explosão de alegria. Roupas pequeninas penduradas no varal da varanda, secando ao sol, com um leve cheiro de sabão em pó. Uma mochila da escola caída perto da porta, com um chaveirinho de dinossauro balançando ao vento, como se estivesse vivo. E no centro de tudo — como o sol entre constelações — havia uma criança. Ela se chamava Clara. Tinha os olhos curiosos e os gestos decididos, como quem sabia que era amada antes mesmo de entender o que isso significava.
Tinha sido adotada com quatro anos, depois de muitas visitas, testes, conversas, esperas. Mas o instante em que correu para os braços de Sophia e Luna pela primeira vez foi o mesmo instante em que a palavra "família" ganhou uma nova definição no dicionário do mundo. Naquela manhã, Clara pintava. Sentada no chão, concentrada, rabiscava o que dizia ser "nossa casa voando". Sophia, do sofá, observava com u