A trilha era estreita, abafada pela vegetação e pelo silêncio. O tipo de silêncio que vem antes de um tiro, de um grito ou de um colapso. As árvores cerradas pareciam observar, cúmplices de um destino que nos perseguia desde o princípio.
Marcelo caminhava ao meu lado, os punhos cerrados. Atrás, o pai de Clara ofegava, arrastando o passado nos ombros. Lúcio ia à frente, firme, guiado pelo instinto e pela urgência. O cheiro de álcool hospitalar misturado à terra úmida nos dizia que estávamos perto.
— Ela está aqui — Lúcio murmurou, parando subitamente. Seu olhar fixo, as pupilas dilatadas.
O coração me socava o peito. Era como se algo dentro de mim implorasse para parar, para voltar, para não encarar o que havia além daquela trilha. Mas não havia mais volta.
A clareira surgiu como um palco esquecido pelo tempo. No centro, a cabana. Parecia feita de ossos, de dor antiga, coberta por musgo, madeira apodrecida e sombras que pareciam se mexer sozinhas.
Eu soube. Isabella estava ali.
Avançam