O gosto dos lábios dela ainda estava na minha boca.
Doce. Metálico. Sujo.
Clara saiu pela porta como quem dança sobre um cadáver — leve, solta, com aquele riso de criança que arranca asas de borboletas.
Eu não consegui me mover por alguns minutos. Só olhei para a porta fechada, tentando entender se aquilo tinha acontecido mesmo, ou se era mais uma ilusão.
Quando finalmente me levantei, o apartamento já cheirava à presença dela. O perfume. A loucura. A ameaça.
Tomei um banho frio. Troquei de roupa. Comecei a vasculhar o lugar, mas não encontrei nada. Nenhum bilhete. Nenhuma pista. Só aquele rastro invisível de caos.
As horas se arrastaram como um animal ferido. Eu estava pronto para caçar Clara, mas não sabia por onde começar.
Às 6h da manhã, meu celular tocou. Número do hospital.
— Sr. Navarro? — disse a voz do outro lado, tensa.
— Sim.
— Precisamos que o senhor venha até aqui imediatamente. É sobre a paciente Isabella Ravena.
A pausa.
— Ela desapareceu.
O hospital estava um pa