O sol filtrava pelas cortinas pesadas com uma suavidade quase irreal. Isadora piscou, sentindo os cílios grudados e a garganta seca. O colchão sob ela era macio demais, o travesseiro perfumado. Nada fazia sentido.
Tentou se erguer, mas o corpo respondeu com uma lentidão sufocante. Os músculos doíam. A cabeça latejava. O ar parecia mais leve, mas ainda denso de lembranças.
A porta do banheiro se abriu.
Um homem atravessou o ambiente com passos calmos. Terno azul-escuro, corte impecável. Cabelos castanhos claros penteados com precisão. Pele alva, olhos atentos demais para serem inofensivos. Um sorriso treinado no rosto. Havia algo nele… refinado, mas controlado. Como se cada gesto fosse ensaiado. E, ao mesmo tempo, havia algo cruelmente silencioso naquele charme contido.
— Bom dia — disse ele, parando a alguns passos da cama.
Isadora se encolheu um pouco, instintivamente.
— Você é da polícia?
Ele soltou um riso leve, quase bondoso.
— Não. Meu trabalho é garantir que mulheres como você s