A madrugada estava espessa de silêncio quando um dos seguranças noturnos desceu até a ala isolada. Ao abrir a porta da cela, parou.
Clarisse estava pendurada pela grade superior, o corpo oscilando levemente com o movimento do ar abafado. O lenço usado como forca ainda marcava sua garganta. No chão, havia marcas de luta — ou talvez de desespero.
O homem chamou reforço. Minutos depois, o médico forense da família Bianchi confirmou: morte por asfixia. A cena montada com precisão clínica. Suicídio. Oficialmente.
Matteo observava tudo com o rosto sem expressão. Atrás dele, Benedetta mantinha os braços cruzados, o robe escuro cobrindo sua silhueta como uma sombra viva.
— Não há vestígios de terceiros. Foi uma escolha… conveniente — disse ela, como quem comenta o tempo.
— Conveniente demais — respondeu Matteo, o olhar fixo no corpo da mulher que quase destruiu tudo.
Um funcionário se aproximou, retirando o lenço com luvas. Dobrou o tecido com uma reverência silenciosa. Não havia luto. Só pro