O carro avançava por uma estrada secundária, cercada de vegetação escura e silenciosa. Isadora despertou devagar, os olhos pesados, o mundo girando ao redor. Sua cabeça latejava. Tentou mover os braços, mas estavam presos. Um pano apertava sua boca, abafando a respiração acelerada.
Estava deitada no banco traseiro de um carro, o cinto atravessado sobre o corpo como uma única forma de contensão improvisada. Mas havia algo mais: as mãos amarradas, um aperto cortante nos pulsos. Quando virou a cabeça com dificuldade, reconheceu a silhueta ao volante.
Clarisse. Ela dirigia com as mãos firmes no volante, a postura elegante de sempre, como se estivesse indo a um coquetel — não conduzindo um sequestro. O olhar fixo na estrada, mas com uma expressão serena demais para o contexto.
— Vai se fazer de vítima até quando, sua pequena vadia? — disse ela, com a voz gélida, sem nem olhar para trás.
Isadora gemeu contra o pano, se contorcendo em desespero. O som abafado da sua própria voz só aumentava