A primeira coisa que Isadora sentiu foi o frio da maca metálica contra as costas suadas. A luz branca acima dela queimava seus olhos fechados. Quando abriu as pálpebras, tudo era embaçado, girando. O som de instrumentos metálicos tilintando.
O ar carregado com o odor ácido típico de produtos hospitalares antigos. E, acima de tudo, o som da voz de Clarisse, cortante como navalha:
— Faz. Agora. Se não tiver coragem, eu mesma arranco essa coisa de dentro dela.
O médico hesitou. Ao lado, uma enfermeira ajustava o soro já preso no braço de Isadora. A agulha doía, mas era um detalhe diante da angústia sufocante.
— Moça… — a voz de Isadora saiu fraca, quase irreconhecível. Ela olhou para a enfermeira com desespero. — Você tem filhos? Então sabe que o que ela quer fazer aqui… não é certo.
A mulher congelou por um instante. Seus olhos traíram algo — medo, dúvida, humanidade — mas ela permaneceu em silêncio.
Clarisse se virou, sorrindo com escárnio:
— Você acha mesmo que o mundo gira ao redor d