A notícia chegou como um tapa sem aviso.
— Miguel... precisamos conversar. Agora.
Disse Lígia, gerente financeira, com os olhos inquietos e um tablet trêmulo nas mãos.
Miguel olhou o relógio. Sete e vinte da manhã. Ainda não tinha tomado o primeiro café. Mas aquilo ali... era café amargo. E sem açúcar.
— Fala.
Ele disse, direto, sentindo o estômago revirar.
Lígia deslizou o dedo na tela e virou o visor para ele.
— Esse relatório é do último trimestre. Foi revisado pela nova equipe de auditoria. Tem movimentações fantasmas nas contas da empresa. Saques, transferências para laranjas e... empresas de fachada. Tudo em nome de um único responsável: Gustavo Soares.
Silêncio.
Miguel sentiu o coração acelerar. Não por surpresa. Mas por confirmação.
— Gustavo?
Ele repetiu, a voz baixa como um trovão que se forma no horizonte.
— Sim. Seu sócio. Seu braço direito. O homem que tinha acesso total às contas e contratos externos.
O chão pareceu inclinar por um segundo.
— Quanto?
Miguel perguntou