A tela do celular acendeu.
Nina. De novo.
Mensagem curta. Cirúrgica. Envenenada.
“Você sabia que ele me levou pra mesma suíte que te levou? O homem repete tudo. Até os gemidos.”
Anyellen fechou os olhos, sentindo um nó formar no peito. Não era ciúme. Era uma fúria surda, quase infantil, de ter algo tão bonito ameaçado por um passado que insistia em invadir sem pedir licença.
Ela mordeu os lábios. O impulso era fugir.
Mas ela lembrava do que Miguel disse.
Do olhar dele. Do beijo que não pedia desculpas, mas pedia: “fica”.
Então, respirou fundo…
E foi até ele.
 Sala em Chamas
Miguel estava de costas, diante da estante. Quando ouviu a porta bater, virou-se de imediato.
— Nina me mandou isso.
Anyellen estendeu o celular. A voz firme, mas o olhar era um furacão contido.
Ele não leu. Só olhou pra ela. Como se aquele gesto,  de mostrar, de não esconder, valesse mais do que qualquer defesa.
— Eu não sou a Nina, Miguel.
Ela disse, os olhos marejando.
— E não quero competir com o que já foi.