Não sei quanto tempo se passou. Horas. O quarto estava mergulhado naquela penumbra azulada da madrugada, onde o silêncio é mais pesado.
Eu não acordei com um barulho. Acordei com uma presença.
Senti o colchão afundar suavemente atrás de mim. O calor irradiou antes mesmo do toque, uma gravidade que puxava meu corpo adormecido em direção a ele.
Peter estava lá.
Eu não abri os olhos imediatamente. Eu apenas respirei, sentindo o cheiro dele — o sândalo agora misturado com o cheiro natural da pele dele depois de horas de trabalho.
Eu podia sentir o olhar dele em mim. Era um toque físico. Ele estava percorrendo a linha das minhas costas, desenhando a curva da minha cintura e o arco do meu quadril com os olhos. Eu me sentia uma escultura sendo admirada no escuro, uma "beldade" inestimável que ele tinha medo de quebrar, mas morria de vontade de tocar.
A pele do meu braço se arrepiou, antecipando o contato.
Então, ele me tocou.
Não com as mãos. Com a boca.
Senti os lábios dele, quentes