As paredes do estúdio eram minhas. Mas a tela era dele.
Fazia vinte e quatro horas que Peter havia me dado a ordem surreal: pintar a Ordem, a Geometria, o seu Poder. E me ameaçado com o cancelamento da visita à minha mãe caso eu falhasse.
Eu estava parada diante da tela branca. Eu odiava o comando. Odiava a pressão do prazo. Mas acima de tudo, eu odiava o fato de que a ideia dele era irresistível. Pintar a estrutura fria de um império era um desafio que a artista em mim não podia ignorar.
Comecei com a frieza que ele exigia. Tons de azul-cobalto e prata metálico. Linhas retas. Formas geométricas que imitavam a arquitetura dos prédios dele, do hall do seu banco. Eu estava pintando uma prisão de cristal.
Eu não o via. Mas eu o sentia.
Eu sentia os olhos dele. Sabia que as câmeras invisíveis da cobertura estavam direcionadas para o estúdio. O Peter não precisava estar aqui para exercer sua vigilância. O seu poder era onipresente.
À meia-noite, exausta e suja de tinta fria, eu estav