O silêncio na cobertura era diferente do habitual. Não era o vazio da riqueza, era o silêncio que precede a execução. Peter estava sentado em sua mesa de escritório, o paletó pendurado no encosto da cadeira, a camisa branca imaculada, as mangas dobradas na altura do antebraço. Ele parecia ter passado as últimas horas limpando cada vestígio de vulnerabilidade.
Eu entrei no escritório. Não bati. Ele não me convidou. O ar ali cheirava a café forte e a uma frieza calculada que vinha diretamente dele.
— Sente-se — ordenou ele, sem levantar o olhar de um tablet de vidro onde gráficos coloridos se moviam.
— Prefiro ficar de pé — retruquei, cruzando os braços, a postura desafiadora. O sorriso da minha mãe e o aperto de mão dela ainda eram minha armadura.
Ele suspirou, o som de quem está lidando com uma criança irritante.
— Você me desafiou no hospital, Alice. Usou a fraqueza da minha família para me forçar a uma negociação. Você conseguiu sua visita. Isso é bom. Isso mostra que você está