A frase dele pairou no ar entre nós, mais pesada que o lustre de cristal acima de nossas cabeças. Você não faz ideia de há quanto tempo eu estou esperando você esbarrar em mim. O som da festa — as risadas falsas, o tilintar de talheres, a música suave — pareceu desaparecer, sugado pelo vácuo que Peter Blackwood criava ao seu redor. Eu estava sozinha com ele, no meio de quinhentas pessoas. Minha mente, treinada para observar detalhes, focou na boca dele. Na curva cruel e perfeita dos lábios que acabaram de confessar uma obsessão. — Esperando? — repeti, a palavra saindo como um vidro quebrado. Dei um passo para trás, mas minhas costas encontraram a coluna de mármore. Encurralada. — Isso deveria soar romântico? Porque soa como algo que eu diria para a polícia. Peter riu. Não foi uma risada social. Foi um som baixo, gutural, que vibrou no meu peito, uma nota grave tocada em um violoncelo. — A linha entre o romance e o crime é apenas uma questão de permissão, Alice. — Ele deu mais um
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