"Pinte a sua rendição."
A ordem dele ficou vibrando no ar condicionado perfeito do estúdio, misturando-se ao cheiro inebriante de terebintina e óleo de linhaça.
Eu olhei para a tela em branco. Ela era alta, intimidante, um retângulo de vazio esperando para ser preenchido. Depois olhei para minhas mãos. Elas tremiam. Não de frio, mas de uma sobrecarga sensorial. O alívio pela minha mãe, o ódio pelo contrato, o desejo sujo por ele... era barulho demais na minha cabeça.
— Você quer que eu pinte agora? — perguntei, a voz baixa. — Com você assistindo?
Peter não se moveu. Ele continuou parado atrás de mim, uma sombra de calor e autoridade.
— Eu sou seu público, Alice. — A voz dele era calma. — E eu não paguei o ingresso para ficar no saguão. Comece.
Eu poderia ter recusado. Poderia ter jogado o pincel nele. Mas a verdade era que... eu precisava disso. Eu precisava sangrar, e a tela era o único lugar seguro para fazer isso.
Caminhei até a prateleira. Não peguei pincéis. Pincéis eram de