O som da caneta batendo na mesa de vidro foi o ponto final da minha antiga vida.
Fiquei olhando para a minha assinatura. Alice Vitali. A letra tremia um pouco no final, uma falha imperceptível para qualquer um, exceto para o homem à minha frente.
Peter não sorriu. Ele não celebrou. Ele apenas pegou o documento com a naturalidade de quem recolhe um jornal lido, fechou a pasta de couro e a colocou de lado.
— Feito — ele disse.
Sem cerimônia. Sem fanfarra. Apenas um fato consumado.
Ele pegou o celular do bolso interno do paletó. Digitou algo rápido, a luz da tela iluminando o maxilar tenso.
— Está feito — ele repetiu, agora olhando para mim. — O Doutor Mendes acabou de receber a autorização. A ambulância aérea já está a caminho do hospital público. Sua mãe estará instalada na suíte presidencial do Sírio-Libanês em quarenta minutos.
O alívio me atingiu como um soco físico. Meus joelhos cederam, e eu tive que me apoiar na mesa fria para não cair. Não foi choro, foi uma exalação trêmu