O som do zíper descendo foi o barulho mais alto do mundo.
Minhas mãos, manchadas de preto e vermelho, tremiam enquanto eu puxava o fecho. O ar condicionado do estúdio beijou minha espinha exposta, um arrepio gelado que contrastava violentamente com o calor febril que irradiava do meu baixo ventre.
O vestido de seda azul da Carol escorregou pelos meus ombros, deslizou pelos meus quadris e caiu no chão com um suspiro suave.
Fiquei ali. Nua, exceto pela calcinha de renda e o sutiã barato. E a tinta.
Eu era uma tela viva. Manchas de preto cobriam meus braços como luvas de escuridão; respingos de vermelho pontilhavam meu pescoço e meu peito como sangue fresco.
Peter não se mexeu. Ele não piscou.
O olhar dele percorreu meu corpo, lento, tátil, pesado. Não era o olhar de um homem vendo uma mulher nua. Era o olhar de um colecionador vendo sua aquisição finalmente desembrulhada.
— Dio mio... — ele sussurrou, a voz rouca, quase dolorosa.
Ele deu um passo. Depois outro. O som dos sapatos