Helena chegou cedo à sede da Valente Holdings, com o envelope preso firme dentro da bolsa, como se fosse um segredo vivo. O céu ainda estava coberto por nuvens espessas, e a claridade pálida parecia combinar com o peso no peito dela.
Subiu no elevador sem olhar para ninguém. Quando as portas se fecharam, respirou fundo e apoiou a testa no metal frio. Por mais que tentasse, não conseguia expulsar da mente o que ouvira no dia anterior.
Seu pai não contou tudo.
Aquela frase rodava na cabeça dela como um disco arranhado.
Talvez tudo que acreditara fosse apenas uma versão conveniente, um escudo para não encarar a vergonha, a perda, o vazio. Talvez Arthur não tivesse sido o algoz — mas o único que tentara impedir a ruína.
Quando a campainha do elevador soou, ela se recompôs. Ajustou o coque, ergueu o queixo e atravessou o corredor até sua sala. Precisava manter a compostura. Precisava fingir que nada havia mudado.
Mas tudo estava mudando.
Passou as primeiras horas revisando relatórios com u