Na manhã seguinte, Helena chegou ao escritório cedo demais. O andar ainda estava quase silencioso, exceto pelo som distante do elevador trazendo os primeiros funcionários. Ela preferia assim — por um instante, podia fingir que era só trabalho, só números e planilhas, sem nada além disso.
Mas nada era só aquilo.
Largou a bolsa sobre a mesa, sentindo o peso do envelope que guardara de novo na gaveta. Parecia ironia: ela sempre quis descobrir a verdade, mas agora que ela se apresentava crua, se perguntava se teria coragem de aceitá-la.
Arthur não estava lá ainda. O escritório dele mantinha as persianas baixadas, a porta entreaberta. Helena sentiu o estômago contrair só de olhar na direção daquele espaço.
Tudo que vinha acontecendo — os olhares, as conversas suspensas, o toque breve da mão dele — tinha começado a atravessar qualquer armadura que ela insistisse em vestir.
E agora que havia uma chance real de ele não ser o culpado que ela pintara em cada detalhe, tudo parecia ainda mais per