Na manhã seguinte ao jantar, Helena acordou com uma estranha mistura de exaustão e expectativa. Enquanto vestia a blusa branca que tanto gostava — discreta, quase severa — teve a sensação incômoda de que não era mais a mesma mulher que, semanas antes, atravessara pela primeira vez as portas da Valente Holdings.
Naquele dia, tudo nela parecia milimetricamente controlado: o coque firme, a pasta impecável, a expressão neutra. Mas por dentro, algo havia se deslocado.
No caminho até o escritório, Helena tentou lembrar a si mesma da razão pela qual estava ali. A vingança. A dívida silenciosa que carregava pelo pai. Mas a memória do jantar insistia em se sobrepor — o toque da mão de Arthur na sua cintura, o calor absurdo que subiu pelo seu pescoço, o silêncio que parecia conter tudo que eles não ousavam dizer.
Ela respirou fundo quando cruzou a recepção. Precisava manter a compostura. Precisava lembrar quem era.
Na sala ampla onde trabalhava, acomodou-se à mesa e ligou o computador. Os prime