A estação de Birmingham era grande, barulhenta e iluminada por um sol pálido que mal conseguia aquecer o concreto. Helena desceu do trem antes que Arthur, seguindo o mesmo instinto que a fizera se manter sempre dois passos à frente.
Ele a alcançou no meio da plataforma, a pasta de documentos em uma das mãos, o sobretudo escuro se movendo com cada passo decidido.
— Já chamei o carro — disse ele.
— Eu poderia ter feito isso.
— Eu sei. Mas prefiro garantir que não vamos perder tempo.
Helena não discutiu. Não era apenas sobre eficiência. Era também sobre controle — um controle que ele não disfarçava, e que ela, apesar de tudo, respeitava.
O carro os aguardava do lado de fora, um sedã preto com vidros fumê. Quando Arthur abriu a porta, Helena entrou primeiro, sem dizer nada. Durante alguns minutos, o único som foi o do trânsito pesado ao redor.
Ela passou os olhos pela cidade que não via há anos. Tantas fachadas se pareciam — edifícios de tijolos vermelhos, placas desbotadas, a promessa de