Naquela tarde, o céu de Londres parecia mais baixo. Nuvens pesadas encobriam a cidade como um teto de concreto prestes a ruir. Dentro do prédio da Valente Group, o ar também carregava tensão — mas não do tipo que podia ser previsto pela meteorologia.
Depois da reunião com o conselho, o burburinho começou a correr pelos corredores. Helena ouvia fragmentos de frases soltas:
— “auditoria”
— “quem contratou essa mulher?”
— “o Arthur enlouqueceu”
Ela não reagia. Caminhava firme, com a pasta de relatórios sob o braço e o olhar focado. Era exatamente esse tipo de recepção que esperava.
O que ela não esperava era o convite.
— Costa — disse Arthur, chamando-a pela porta entreaberta do próprio escritório.
Ela hesitou por uma fração de segundo, depois entrou.
Ele estava sem o paletó, mangas dobradas, a gravata frouxa. E pela primeira vez desde que o conhecera, parecia... cansado.
— Tudo certo? — ela perguntou.
Arthur indicou uma cadeira com o queixo.
— Preciso de você em Birmingham amanhã cedo.