O trem de volta partiu ao entardecer, levando Helena e Arthur por quilômetros de campos acinzentados e pequenas vilas que passavam como borrões. Ela sentou-se perto da janela, tentando se concentrar nos relatórios, mas a mente parecia saturada.
A voz dele, os olhares, o silêncio que se estendia entre eles como uma promessa não dita — tudo pesava mais do que o trabalho acumulado.
Arthur folheava um relatório com o cenho franzido. Mas de tempos em tempos, desviava o olhar para ela. Quando o fazia, Helena tinha certeza de que ele enxergava coisas que ela mesma tentava ignorar.
— Precisa descansar — disse ele, baixando o papel.
— Temos dados demais para revisar.
— Já viu o suficiente.
Ela não respondeu, apenas voltou a digitar. Arthur ficou em silêncio, mas não a deixou de observar até o trem chegar à estação.
Do lado de fora, Londres os recebeu com chuva fina e a correria de quem só pensava em chegar em casa. Helena segurava a alça da bolsa com força, como se aquilo fosse o único ponto f