Vincenti, ceo de uma prestigiada rede de restaurantes, sempre se orgulhou de sua habilidade em conquistar sem se apegar. Seu charme irresistível e sua atitude desapegada o tornaram um mestre da sedução, até que um grave acidente transformou sua vida, deixando-o solitário e amargurado. Gab, seu melhor amigo e parceiro de negócios, luta para trazer de volta o Vincenti vibrante e ousado que sempre conheceu. Durante uma reunião inesperadamente interrompida por dançarinas encapuzadas que defendem uma academia de dança prestes a fechar as portas, uma aposta surge entre os dois ceos: quem conquistar primeiro a enigmática Marjorie decidirá o destino da academia. Marjorie é forte, determinada e movida pela paixão pela dança. Embora sonhe em viver desse talento, ela se desdobra para salvar a academia que ama, enfrentando dificuldades financeiras e desafios pessoais. Humilde e generosa, ela participa de projetos solidários e sonha com um amor verdadeiro. Virgem, deseja se entregar a um único homem, mas vive sem que ninguém suspeite de sua castidade. Agora, presa no jogo de sedução entre Vincenti e Gab, Marjorie precisa proteger seus valores enquanto luta para manter vivo seu sonho. O destino de todos se entrelaça em uma trama intensa de paixão, desafios e descobertas, onde só sentimentos verdadeiros podem mudar tudo.
Ler maisEra um sábado ensolarado, e o calor já se fazia sentir desde o amanhecer. Como de costume, aos sábados à tarde, as crianças carentes da vizinhança se dirigiam à academia "Dançarte" para participar de aulas de dança e gincanas. Marjorie, uma das dedicadas voluntárias e talentosa professora de dança, acordou pensando nelas.
Às seis e meia da manhã, levantou-se e foi preparar um bolo de fubá com goiabada e uma torta cremosa de frango com requeijão. Distraída com vídeos de dança enquanto cozinhava, perdeu a noção do tempo e se atrasou. Apressadamente, tomou um banho, vestiu o uniforme da clínica e saiu com os cabelos molhados e os tênis desamarrados. Correu para o trabalho, carregando uma mochila volumosa e uma sacola de pano igualmente cheia. No ônibus, aproveitou as sacudidas para fazer uma maquiagem leve, evitando derrubar os potes de comida, e improvisou um coque displicente. Com os fones no volume máximo, embalada por funk e pagode, atravessou a cidade em dois ônibus. Ao chegar sorridente ao trabalho, foi recebida pela chefe, Danna, que estava absorta em um jogo no celular.
— Mah, querida, mais um pouquinho e você chega só para fechar! Seu paciente está esperando há trinta minutos. Ou será que ele já desistiu? Ah, passei de fase! Irruuuu, agora vou encarar o chefão!
Apressada, Marjorie riu sem graça e respondeu, escondendo a mochila sob a mesa.
— Eu sei, eu sei, mas trouxe bolo, e ele vai me perdoar, espero. Como ele está hoje? De zero a dez?
Danna arqueou as sobrancelhas e falou com um misto de desânimo e excitação.
— Quatro. Ele veio com o tio, e a mãe vai buscá-lo. Boa sorte!
O paciente era Leleu, um garoto que havia sofrido múltiplas fraturas ao cair do telhado enquanto empinava pipa. Ele acreditava que nunca mais andaria, e suas mudanças de humor eram frequentes e intensas. Esse padrão comportamental difícil era comum em pacientes com estresse pós-traumático, assustando muitos profissionais da saúde. Marjorie havia conseguido uma bolsa para a faculdade, mas pensou em desistir no meio do curso. A morte da mãe e a falta de recursos dos avós a fizeram continuar. Após a formatura, começou a trabalhar na clínica particular de Danna, inicialmente como faz-tudo, evoluindo para a área de fisioterapia com o tempo, geralmente atendendo os pacientes mais desafiadores, que ninguém mais queria. Leleu era um deles. Em seis meses, passou por diversas cirurgias e três fisioterapeutas renomados, sem sucesso. Há algum tempo, estava sendo atendido por Marjorie, a quem carinhosamente chamava de Mah. Antes de entrar na sala, Marjorie bateu e mostrou apenas um pedaço do bolo para ele, falando com voz infantil, escondida atrás da porta.
— Pedido de desculpas pelo atraso, senhor Leleu?
Com voz apática, ele respondeu:
— Mah, eu não sou tão fácil assim. Acha que um bolo qualquer vai me comprar?
Ela revirou os olhos, entrou na sala e disse com um tom divertido:
— Bobo? Uau, você não sabe o que está perdendo! Tem goiabada caseira, feita por mim mesma. Enquanto isso, preparei uma playlist novinha, especial para nós dois.
Entrando na brincadeira, ele perguntou se ela estava usando as meias "da sorte". Marjorie colocou a música, tirou os tênis e respondeu com ironia:
— Que meias? Eu uso qualquer uma, especialmente aos sábados. Vou abrir a janela e... um, dois, três!
Ela começou a dançar, fazendo-o rir e comer o bolo. Um pouco mais animado, ele realizou todos os exercícios enquanto ela dançava várias coreografias que precisava memorizar. Quando a mãe dele chegou, sentou-se na recepção e perguntou a Danna:
— Competição? De novo?
Danna largou o celular e respondeu:
— Não, audição para um programa de TV. Eu o ouvi rindo daqui, estamos progredindo, isso é ótimo! Vou avisar aos dois que você chegou!
A mãe de Leleu concordou, dizendo que era maravilhoso e que Mah estava sendo sensacional, com um carinho e paciência que nenhum outro fisioterapeuta havia demonstrado. Logo a clínica fechou, e Marjorie pegou carona com Danna até metade do caminho. Ao descer do ônibus, já perto da academia, atravessou a rua distraída com o celular e quase foi atropelada por uma moto de alta cilindrada que passou muito perto, cortando giro em sinal de repreensão. O susto foi tão grande que o celular caiu e a tela trincou. A sacola de pano também foi ao chão, e o pote de bolo se espatifou. Furiosa, Marjorie xingou o motoqueiro e mostrou o dedo médio, continuando a resmungar sozinha até a academia. Ao chegar, foi cercada pelas crianças que comiam antes das aulas, ouvindo música e fazendo algazarra. Gaia, a dona da academia, chamou Marjorie para informar que a vigilância sanitária estava no local para uma inspeção de rotina. Juntas, acompanharam os fiscais e souberam que haviam recebido várias denúncias anônimas sobre o fundo do quintal, alegando um matagal com infestação de ratos, baratas e escorpiões, além de um pouco de entulho. No entanto, aquilo não era verdade. A vigilância sanitária aconselhou que fechassem o local para realizar reparos, pintura, limpeza e dedetização, a fim de não perderem o alvará. Tiveram que dispensar todas as crianças, gerando grande revolta. Ao saírem para a calçada, viram o vizinho, dono do restaurante ao lado e dos imóveis da rua, rindo da situação. Ele queria que elas fossem embora, pois sua intenção era vender tudo para uma grande rede de restaurantes de luxo e, segundo ele, as crianças incomodavam seus clientes todos os finais de semana, causando brigas. Ele as chamava de marginais e pedintes, o que não era verdade.
Marjorie e Gaia perderam a paciência e discutiram acaloradamente na rua, enquanto o vizinho debochava, dizendo que estava tudo certo e que em breve se livraria delas. Revoltada, Mah entrou para arrumar o quintal, pedindo ajuda aos amigos. As duas retiraram todo o entulho e passaram o resto do sábado fazendo uma pequena reforma na academia. Ao anoitecer, notaram a chegada de carros luxuosos ao restaurante. Gaia comentou que estava havendo uma reunião dos interessados na compra e que, por isso, o vizinho havia dado um jeito de afastar as crianças, para que nada atrapalhasse sua exibição aos ricos. Enquanto espiavam pela janela, Gaia disse que era melhor desistirem, pois não teriam dinheiro para se manter por mais meses com o aumento do aluguel e as denúncias. Marjorie, com um sorriso malicioso, falou:
— E se a reunião for um desastre? A exibição for uma vergonha? Se a gente ferrar com o bairro e o restaurante, talvez eles desistam. Né?
Ela respondeu rindo:— Sim, uma vez por ano ele vem pro Brasil, ficou famoso e acumula mais de um milhão de seguidores, eu o sigo aliás. No primeiro ano, ele foi na minha casa com presentes e um carrão de luxo, a gente nem tinha mais conversado, desde que descobri tudo.— Eu lembro que estava passando necessidade na época, meu vô ficou doente e parou de trabalhar, minha avó era doméstica e ganhava muito ma.u, minha mãe estava ganhando ma.u acompanhando um cantor de forró pelo nordeste. — Eu trabalhava em um mercadinho de bairro, era bem puxado, eu tinha que carregar caixas pesadas, arrumar tipo tudo, hortifruti, frios, as prateleiras todas, ver as validades dos alimentos, eu ganhava coisas vencidas ou pra vencer e isso ajudava muito em casa, também podia comer dois pães no dia e eram minhas únicas refeições, eu mentia em casa, dizendo que estava ganhando comida, pra não deixar minha avó preocupada. — Quando o meu amigo voltou, foi de surpresa, eu estava sem celular porque tinha queb
A Danna estava exigindo fazer um acordo, para cobrir parte dos prejuízos que eram referentes aos clientes que já tinham pago, também o valor base de salário foi muito a baixo do que deveria, ela estava pagando apenas como " serviços gerais " e não fisioterapeuta, então foi pago mais de mil reais a menos do que o esperado, não teve nada oque fazer a não ser aceitar, ela ficou irada e disse que estava tudo certo, porque Deus era justo e não seria aquele dinheiro que ia fazer ela desistir dos sonhos.Ao chegar na academia foi direto experimentar o look da apresentação, a Gaia estava na recepção e tudo estava meio parado, a Marjorie falou mostrando dando uma volta:— Eu gostei, mas achei meio apagado. O que você achou, Gi?Ela disse que estava lindíssima parecendo uma famosa, ela saiu rindo disse que o problema estava no interior dela. Aproveitando que não tinha ninguém e precisando se distrair, foi dançar e se filmar, colocou a música de reggaeton "Rompe - Daddy Yankee". A porta da sala
Ela deitou e disse que ia esperar a vez. Quando ele saiu só de toalha, ela foi tomar banho, levou a roupa para o banheiro, colocou um vestido florido soltinho e tênis. Ele estava trocado e falou que dava para ir caminhando até o restaurante. Assim que saíram na calçada, ela disse:— Eu gostei das coisas que você disse, muito. Quero ser sincera pra gente fazer as coisas certas, eu briguei com o Tulio, mas a gente só vai terminar de fato pessoalmente, seja aqui ou lá, você entende que é difícil pra eu só largar tudo e segurar sua mão? São anos de relacionamento.Ele respondeu irônico:— Minha mão você pode segurar, ninguém vai ver.Ela continuou falando:— Eu não quero começar nada com outra pessoa no meio, preciso ficar sozinha, me dedicar ao trabalho, nem sei se quero coisa muito séria de novo. Me privei de muita coisa por muito tempo! Preciso de liberdade. Depois da audição, quero viajar, desacelerar um pouco e focar na dança. Se você estiver livre, lá na frente, a gente pode voltar
Gab respondeu sério:— De tudo, vamos sair? Pra conversar?Gaia entrou na sala falou brincando:— Vão ganhar muita audição com essa moleza toda.Mah falou que eles queriam sair, curtir a noite, toda animada Gaia falou que ia junto, mais que ia tomar banho se arrumar porque ia pegar o boy do outro dia, o Gab falou que também ia pra casa se arrumar e guardar a moto, pediu licença pra levantar, ela falou baixinho a sós sentada próxima a ele:— Tá bra.vo porque chamei ela?Ele disse desanimado mexendo no celular:— Não de boa, não muda nada mesmo.Ela sabia oque estava acontecendo e começou pensar em sentar conversar com ele, perguntou se rolava uma carona, pra ir tomar banho, ele disse levantando:— Sim e pra sua sorte, tem um capacete aqui. Bora lá? Vou te esperar lá fora.Ela foi falar com a Gaia antes e ela chamou outros amigos deles, foi escolhendo o lugar, quando a Mah saiu na calçada ele logo falou:— Ae Mah vou te dar carona, posso te trazer de volta, só não vou sair, desculpa. É
Ele respondeu com um sorriso de canto:— Hoje não, valeu. Vou deixar para a próxima! A gente se fala? Me dá um abraço?Ela hesitou por um instante, então se aproximou e o abraçou. Pediu, com um fio de esperança na voz, que ele mandasse uma mensagem ou ligasse caso mudasse de ideia sobre conversar. Ele se afastou e foi embora, deixando um rastro de sua presença no ar. Mah suspirou e retornou ao escritório, o som dos teclados ecoando pelo espaço. Gaia a observava com um sorriso malicioso.— Você gosta dele, né? — ironizou, com uma piscadela. — Tá doidinha para tirar o atraso desse "namoro telepático".Mah sentiu o rosto corar.— Não é isso, mas... ele é alguém especial — murmurou, desviando o olhar. — Adoro ficar com ele, é divertido e me ouve. E aquele... aquele corpo... aí, credo, tô no cio! — repreendeu-se mentalmente. — Que louca! Gosto da amizade dele.Gaia riu.— Ah, Mah... E ele não disfarça o interesse. Agora que você está solteira, acho que pode rolar.Mah pegou o celular, os d
Ela respondeu rindo, levantando:— Você anda querendo conversar muito, né? Preciso ir embora! Ele sorriu desacreditado, disse que gostava de conversar com ela, ficou olhando-a se vestir e ligar o celular. Ela estava digitando mensagens para Gaia, ele pensou na aposta e falou sério:— Mah, por que você fez isso? Ela respondeu sem jeito, brincando:— Você também fez, por que fez isso? O humor dele já era outro, ele disse com hostilidade:— Sei lá, eu durmo com qualquer uma mesmo, não é todo dia que uma mulher vem pra minha cama se esfregando e pedindo pra eu transar! Irritada, ela falou chegando mais perto:— Pelo menos você pode justificar sua ejaculação precoce com o seu estado físico, babaca! Abre aquela droga de portão agora! Ele disse que não fazia sentido algum, que ela nunca tinha dado indícios de qualquer interesse. Ela saiu e não disse mais nada, pediu um carro de aplicativo e foi caminhando até a portaria descalça, muito brava. Foi para casa e mandou uma mensagem para a a
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