A cozinha cheirava a erva-doce e bolo simples, daqueles que minha avó fazia sem receita, só no olho e no coração. Sentamos as três em volta da mesa, com as xícaras fumegantes entre as mãos.
— Você precisa comer direito, menina — ela resmungou, empurrando uma fatia generosa de bolo na minha direção. — Não é só porque vive naquele palácio que vai esquecer da comida de verdade.
Minha mãe riu baixinho, enxugando os olhos ainda marejados.
— Escuta a vó. Ela acha que chá resolve tudo.
— E resolve mesmo — retrucou a velha, firme, como se não houvesse argumento contra.
Eu sorri, deixando que aquele calor simples me envolvesse. Era tão diferente da frieza da mansão, das regras de Arthur, da tensão constante. Aqui, eu podia ser só Helena.
Conversamos sobre coisas banais, detalhes do bebê, até de nomes arriscamos rir um pouco. Marina, que tinha chegado de surpresa, brincou:
— Só não deixa o Arthur escolher, senão a criança vai acabar se chamando “Contrato” ou “Cláusula”.
Rimos tanto que meu pe