Julian Kingsley, o cobiçado herdeiro da poderosa Kingsley Empreendimentos, vive aprisionado pelas expectativas da mãe, contratos rígidos e um destino já traçado: um casamento arranjado que ele jamais desejou. Determinado a romper essas correntes douradas, numa decisão impulsiva, Julian está prestes a mudar sua vida para sempre. Elisa Martins conhece bem a dor da rejeição. Noiva abandonada no altar, desprezada pela família do noivo e injustamente acusada de interesseira, seu mundo desaba em um único instante. Em meio ao desespero e à vontade de calar as vozes que a julgam, seu caminho se cruza com o de Julian, dando início a uma história inesperada. Dois corações feridos, mundos opostos e um casamento que nasceu de um acordo desesperado. O que parecia ser apenas uma união de conveniência logo se transforma em um turbilhão de emoções, segredos guardados e desafios que testam o orgulho, o desejo e a coragem de acreditar no amor novamente. Será que Julian e Elisa conseguirão vencer as barreiras das diferenças sociais e os fantasmas do passado para transformar um casamento por conveniência em uma verdadeira história de amor?
Ler maisEu me chamo Julian Kingsley, herdeiro da Kingsley Empreendimentos. Nascer bilionário me colocou em um pedestal que muitos invejam; sempre tive tudo o que o dinheiro pode comprar. Carros, viagens, mansões, festas… tudo estava ao meu alcance com apenas um estalar de dedos, ou melhor, um telefonema. Porém, existe um preço silencioso por trás de tanto luxo: a solidão de pertencer a uma família disfuncional, em que afeto é substituído por interesses e o amor cede ao poder. Cresci sob as rédeas de uma mãe narcisista, determinada a controlar cada aspecto da minha vida como se eu fosse apenas uma marionete em suas mãos.
Aos 15 anos, minha mãe, Senhora Catarina Kingsley, decretou o meu destino: eu me casaria com Jessica Blackwood, a filha caçula de uma das famílias mais influentes da alta sociedade. A justificativa era simples: unir duas fortunas, dois impérios, e assim garantir ainda mais poder. Na visão dela, Jessica era a única mulher digna de dividir comigo um sobrenome, uma herança, um império. Desde então, venho sendo sufocado, quase que diariamente, por essa promessa. Entendo, em parte, sua obsessão em me proteger de mulheres interesseiras que surgem em meu caminho, pois já passei por isso algumas vezes. Por outro lado, eu sei que isso é só mais uma forma dela me controlar. Eu nunca desejei esse noivado, nunca quis Jessica, nunca a vi com olhos românticos. Fiz questão de deixar claro, repetidas vezes, que jamais e em hipótese alguma me casaria com ela. Mas, aos 28 anos, percebo que minha resistência apenas alimentou as tentativas cada vez mais desesperadas de minha mãe em me arrastar até o altar. Naquela tarde, fui convocado para uma reunião “urgente" no Grand Hall, um salão monumental da Kingsley Empreendimentos, que é dividido em áreas diferentes para eventos e recepções luxuosas. Fui convocado para uma reunião bem misteriosa e urgente. O tom autoritário de minha mãe não me deixou um espaço para recusar. Tentei evitar ao máximo, dei todas as desculpas viáveis, porém eu estava sob forte ameaça. Eu queria ser livre, mas a pressão era sufocante. Mesmo assim, fui. Relutante, atrasado de propósito, tentando prolongar ao máximo o inevitável. Assim que desci do carro, entreguei a chave com pressa para o manobrista e entrei pela porta principal. O ambiente me sufoca antes mesmo dos primeiros passos. Ali estava William, meu assistente, de semblante aflito. Seu nervosismo era tão evidente que podia ser sentido mesmo à distância. Enquanto me aproximava, flashes da minha adolescência atravessaram minha mente: lembrei-me da primeira vez em que minha mãe me levou a uma festa de gala, aos quinze anos. Vestido com meu primeiro terno, em meio àquelas pessoas elegantes, me sentia como um príncipe. Mas naquela mesma noite, enquanto servi de moeda de troca para duas famílias sedentas de poder. Percebi que o brilho das joias, os sorrisos impecáveis, os brindes de champanhe… tudo escondia um jogo de manipulação. Desde então, aprendi que o mundo em que cresci era feito de aparências, e que até os abraços mais calorosos podiam carregar segundas intenções. Assim que William me vê, percebo seu rosto se contrair ainda mais. — Senhor Kingsley, graças a Deus o senhor chegou... — murmurou, mas não havia alívio em sua voz. — William! Me diga logo o motivo pelo qual minha mãe me obrigou a vir até aqui? — Cruzei os braços, impaciente. — O que ela está tramando desta vez? — O senhor... precisa ver com seus próprios olhos. Ela me ameaçou caso eu lhe contasse — William falou, ficando com uma expressão de medo e ansiedade. Os olhos dançando de um lado para o outro, como se temesse ser ouvido. — Não brinque comigo, William! — Avancei um passo, deixando meu tom mais firme — O que minha mãe está tramando? — Não conta para a senhora Kingsley que eu te contei, mas ela organizou o seu casamento com a senhorita Jessica no salão de banquetes principal. Se o senhor entrar por aquela porta, estará indo direto para a cerimônia. — William falou, soltando um suspiro de alívio, como se tivesse acabado de tirar um peso de suas costas. — Que cômico! Eu sou o último a saber que vou me casar — eu senti meu sangue gelar. Depois, um riso amago escapou. Virei-me para sair, mas William, desesperado, segurou meu ombro. — Por que não facilita as coisas, senhor? Case-se logo com a jovem — William falou, logo após retirar sua mão de meu ombro. — As ordens da sua mãe foram muito claras: se eu deixar o senhor ir embora, eu estou morto. E você sabe como ela é, senhor Julian. Ela não hesitaria em arruinar minha carreira, minha vida inteira, se eu falhasse em mantê-lo aqui. — Se você não me deixar ir embora, eu te mato! — Lancei-lhe um olhar gélido, minha voz carregada de ameaça. William engoliu em seco, seus olhos arregalados de pavor, e ele recuou um passo, levantando as mãos em sinal de rendição. Ele sabia que eu não estava blefando — Espero que fique claro que eu não me casarei com a Senhorita Jessica, de jeito nenhum! Viro-me para sair, mas me ocorre que eu não conseguirei deixar a propriedade tão facilmente assim. Foi então que percebi um segurança observando nossa conversa. No mesmo instante, uma ideia audaciosa tomou forma. — Ei, você! Eu ordeno que troque de roupa comigo, AGORA! O homem arregalou os olhos, mas o peso da minha ordem foi o suficiente. Em poucos minutos, vestia o seu uniforme. De cabeça baixa, avancei pelos corredores laterais, evitando a porta principal. Neste momento, ouvi a voz da minha mãe ecoando, carregada de fúria e impaciência: — Onde está o Julian? — sua voz, embora elegante, carregava uma nota de fúria e preocupação. — Por que ele ainda não está aqui? Eu não fui clara quanto às minhas ordens? — D-dona Kingsley… ele foi embora! — ouço William falando em um tom puro de nervosismo. Segui sem rumo pelos corredores, até que encontro outro evento acontecendo em um dos salões de banquetes. Como estou vestido de segurança, sinto que este é o melhor local para me esconder até a poeira baixar e eu poder ir para casa. Lá dentro, o clima era pesado, as pessoas parecem tensas, como se a qualquer instante uma briga fosse explodir. Entrei em silêncio, tentando me misturar como um segurança qualquer. E foi então que o destino me pregou a maior surpresa da noite. Uma mulher em vestido de noiva, com os olhos marejados mas firmes, aproximou-se de mim. Suas mãos trêmulas seguraram as minhas com uma força inesperada. E, diante de todos, ela me perguntou: — Quer casar comigo?Acordei com a sensação de que o mundo, por alguns instantes, havia deixado de existir. Elisa dormia aninhada em meus braços, seu rosto sereno colado ao meu peito, os lábios entreabertos num sopro suave de ar que me arrebatava de uma forma que eu não conseguia explicar. Havia uma paz ali que eu nunca conheci em nenhuma mansão dos Kingsley, em nenhum jantar de gala ou viagem de luxo. E, por mais que o peso da mentira que eu carregava me consumisse, naquele instante tudo o que eu queria era acreditar que poderia ser apenas um homem comum, marido de uma mulher que parecia feita para mim. Mas a ilusão foi breve. Assim que seus olhos se abriram, claros, atentos, Elisa sorriu e a primeira coisa que disse foi como uma flecha certeira no meu peito: — Agora que a gente está junto… percebi que não sei nada sobre a sua família. Elisa dispara a frase sem nem pensar muito. Fiquei em silêncio por alguns segundos, medindo cada palavra que poderia sair da minha boca. Podia simplesm
— O que é isso? — eu estava admirada com o carinho e o cuidade que Julian teve para preparar tudo isso pra mim. — Uma pequena lembrança. Abre. — Ele apenas deu um meio sorriso, cruzando os braços. Minhas mãos tremiam quando desfiz o laço e abri a caixa. Meu coração quase parou ao encontrar um vestido deslumbrante da Farfetch, acompanhado de uma bolsa Chanel tão elegante que parecia saída de um sonho. Toquei o tecido macio, sem acreditar que aquilo era real. — Julian… isso é… — minha voz falhou, e os olhos marejaram. — É lindo demais. Eu não… não mereço… Isso deve ter custado todas as suas economias. — Não diga isso. Você merece muito mais do que eu poderia ofe
O sol da manhã atravessava as cortinas finas da sala, desenhando feixes dourados pelo ambiente simples. Pisquei algumas vezes, confusa, até perceber onde estava. A lembrança de ontem à noite voltou como um vendaval: meu casamento relâmpago, Julian dormindo em meu quarto, eu encolhida no sofá tentando assimilar a avalanche de acontecimentos. Por um instante, pensei que tivesse sonhado tudo, mas bastou virar o rosto e ver Julian parado à porta da sala, encostado no batente, para entender que a realidade tinha ultrapassado qualquer imaginação. A visão me faz abrir um sorriso leve, a tranquilidade em seu olhar me transmite paz. — Bom dia, esposa — ele disse com um sorriso preguiçoso, os cabelos ainda bagunçados, vestindo uma camiseta simples que de algum modo parecia feita sob medida para ele. — Bom dia… marido. — Revirei os olhos, tentando disfarçar o calor que subiu às minhas bochechas. Ele se aproximou devagar, os passos firmes ecoando pelo piso de madeira gasta. Se
Enquanto Elisa se tranca no banheiro e o som da água do chuveiro ecoa pela casa, eu me ajeito na cama dela. Não é uma cama ampla e luxuosa como as que sempre tive, mas há algo nessa simplicidade que me atinge de forma inesperada. O colchão afunda sob meu peso, e eu me recosto contra a cabeceira, tentando ignorar a estranheza de estar naquele quarto que carrega a essência dela em cada detalhe. As cortinas claras, o cheiro suave de lavanda impregnado no ar, o abajur gasto que certamente deve ter acompanhado muitas noites de leitura solitária… Tudo grita Elisa. Tudo é dela. E, por algum motivo, me sinto mais confortável aqui do que em qualquer uma das suítes frias da mansão dos Kingsley. Pego meu celular e abro a galeria, parando na foto que tirei mais cedo da nossa certidão de casamento. É quase inacreditável. Meu nome está ali, ao lado do dela. Julian Kingsley e Elisa Martins. Um documento que deveria ser apenas uma formalidade para manter aparências agora parece ter pes
Depois de um dia longo e sufocante, apenas decidimos ir direto para a minha casa. Não havia planos, não houve preparação; tudo aconteceu tão rápido que Julian sequer teve a chance de passar na própria casa para buscar roupas ou qualquer coisa que fosse dele. Ficamos combinados de que, no dia seguinte, ele cuidaria disso. Ainda assim, quando a porta da minha casa se fechou atrás de nós, senti o ar mudar de peso. O silêncio que antes era confortável agora se tornou espesso, quase palpável, como se nos lembrasse de que estávamos sozinhos, juntos, dentro de quatro paredes. A ficha caiu com força: um completo desconhecido agora estava no meu lar, no meu espaço mais íntimo. E, de alguma forma, esse desconhecido era meu marido. Mesmo sabendo da formalidade absurda do que aconteceu, meu corpo ainda recusava aceitar essa proximidade. Julian era um homem que eu conheci a poucas horas, mas a intensidade da sua presença parecia como se já estivesse impregnada em cada canto da minha men
— Você realmente acha que sabe quem eu sou? — perguntei em um tom calmo, mas firme, deixando cada palavra pender no ar como uma ameaça velada. O silêncio que seguiu foi quase palpável. O sujeito ao lado da garota engoliu em seco, tentando manter uma postura altiva, mas o suor na testa o denunciava. — E por que, diabos, eu deveria saber? — ele retrucou, mas sua voz já não tinha a mesma força. Avancei um passo, o olhar fixo nos dois, e baixei o tom da voz, como se revelasse um segredo perigoso. — Você se diz executivo da Kingsley Empreendimentos, mas eu nunca vi você antes. — Fiz uma pausa, deixando meu olhar percorrer a roupa dele. — E essas falsificações baratas que você usa? Somente um idiota acreditaria nelas. Alice, que até então parecia confiante, mudou a expressão de imediato. Sua sobrancelha arqueada e os olhos semicerrados voltaram para o namorado. — O que ele está dizendo? — a voz dela tinha um fio de desespero. — Querida… eu posso explicar… — ele começou, mas a
Último capítulo