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Capitulo 4 - Julian Kingsley

Isso acabou de ficar interessante. Quem poderia imaginar que, pra fugir de um casamento arranjado, eu acabaria me casando com uma completa desconhecida? A vida, de fato, é uma caixinha de surpresas e, pela primeira vez em muito tempo, eu estava me permitindo rir do inesperado. Resolvi seguir o fluxo, apenas para ver até onde essa loucura iria me levar. Além, é claro, de estar gostando bastante desta nova experiência.

Peguei o celular, tirei uma foto da certidão de casamento e enviei para wiliam, no mesmo instante. Assim que ele rescebe a mensagem, ligo de imediato para seu número.

— William, quero que encaminhe essa foto para a minha mãe. — falei, sem conseguir conter o sorriso que crescia em meus lábios. — Diga a ela que acabo de me casar e que não precisa mais perder tempo tentando me empurrar nenhuma garota.

— O que? — a voz dele explodiu do outro lado da linha, quase em um grito. —Você… casado?! A Cerimônia de casamento com a Jessica está um caos, todos estão esperando por você! Se eu contar isso para a senhora Kingsley, ela vai querer arrancar a sua cabeça, Julian! Conte isso pessoalmente para a sua mãe..

— Fica calmo — interrompi, firme — Apenas diga a ela e o restante, pode deixar comigo.

Eu estava prestes a deligar meu telefone, quando algo me ocorreu. Lembrei-me do presente de casamento para minha esposa.

— Ah, outra coisa. — acrescentei depressa. — Quero que você cancele todos os contratos com a familia Sterling. Tire-os da lista de fornecedores imediatamente. A partir de agora, não existe mais nenhuma parceria entre eles e a Kingsley Empreendimentos.

Houve um silêncio breve, quase um suspiro do outro lado da linha, antes da resposta:

— Entendido, Chefe!

Encerrei a ligação satisfeito, sentindo um alívio que não experimentava há anos. Pela primeira vez, eu havia tomado uma decisão que não partira de obrigações, interesses ou heranças, mas sim de um capricho pessoal, de um impulso quase irresponsável. E, curiosamente, isso me fazia sentir mais vivo. Seria assim o sentimento de liberdade?

Um som estridente me trouxe de volta à realidade: uma buzina insistente atrás de mim. Ao me virar, meus olhos se depararam com uma cena que arrancou um sorriso involuntário.

Lá estava Elisa, sentada ao volante de um carro… exótico, para dizer o mínimo. Um veículo de cor vibrante, com adesivos espalhados pela lataria, carregando uma personalidade tão caótica quanto a dona. Era o tipo de automóvel que não passava despercebido em lugar algum, chamativo, rebelde, impossível de ignorar. Ela abriu um sorriso largo, quase desafiador, como se perguntasse silenciosamente se eu aprovava aquilo. Eu a invejo por ser tão excêntrica e dona de si mesma.

— Oh, uaau… — deixei escapar, surpreso com a ousadia daquela mulher — É… um carro e tanto!

— Entra aí! — ela exclamou com um entusiasmo quase infantil.

Abri a porta ainda um pouco hesitante. O interior era um reflexo perfeito da bagunça exterior: cheirava a chiclete de morango misturado com gasolina, e pequenos objetos decorativos balançavam no retrovisor, tilintando a cada movimento. Sentei-me, mas no exato segundo em que meus músculos tocaram o banco, puxei o cinto de segurança com força, como se a minha vida dependesse disso.

Ela girou a chave, deu partida e, no instante seguinte, já estávamos em movimento. As ruas da cidade pareciam se transformar em cenário de corrida sob suas mãos. Mantive a mão firme sobre o cinto durante todo o trajeto, acompanhando cada curva como se estivesse prestes a despencar de um penhasco. Dramático da minha parte, talvez, mas impossível confiar naquele carro que rugia como uma fera indomada.

E, ainda assim, não consegui deixar de pensar: essa mulher é uma tempestade. Uma loucura completa. Ainda assim, algo em Elisa tornava impossível desviar os olhos dela. Havia uma leveza na forma como encarava a vida, uma despreocupação que me desarmava. Enquanto eu carregava o peso de compromissos, empresas e expectativas, ela parecia flutuar, como se cada curva fosse apenas mais uma oportunidade de rir.

As luzes da cidade iam ficando para trás, dando lugar a ruas mais largas e menos movimentadas. O vento entrava pela janela aberta, bagunçando meu cabelo com uma liberdade que eu nunca teria permitido a mim mesmo em circunstâncias normais. Mas ali, ao lado dela, parecia natural.

Olhei para Elisa de soslaio e percebi algo que me surpreendeu. Por trás do sorriso confiante e daquela postura ousada, havia um brilho diferente em seus olhos. Algo que eu não soube definir. Era mistério. Era dor. Ou talvez fosse apenas mais uma camada dessa tempestade que ela carregava dentro de si.

E, ainda assim, não consegui deixar de pensar: essa mulher era uma loucura completa. Um risco, um abismo, uma aposta improvável.

E por algum motivo que eu ainda não entendia… talvez fosse exatamente disso que eu precisava.

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