Acordei com a sensação de que o mundo, por alguns instantes, havia deixado de existir. Elisa dormia aninhada em meus braços, seu rosto sereno colado ao meu peito, os lábios entreabertos num sopro suave de ar que me arrebatava de uma forma que eu não conseguia explicar. Havia uma paz ali que eu nunca conheci em nenhuma mansão dos Kingsley, em nenhum jantar de gala ou viagem de luxo. E, por mais que o peso da mentira que eu carregava me consumisse, naquele instante tudo o que eu queria era acreditar que poderia ser apenas um homem comum, marido de uma mulher que parecia feita para mim.
Mas a ilusão foi breve. Assim que seus olhos se abriram, claros, atentos, Elisa sorriu e a primeira coisa que disse foi como uma flecha certeira no meu peito:
— Agora que a gente está junto… percebi que não sei nada sobre a sua família.
Elisa dispara a frase sem nem pensar muito. Fiquei em silêncio por alguns segundos, medindo cada palavra que poderia sair da minha boca. Podia simplesm