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Capitulo 2 - Elisa Martins

Minha vida nunca foi um mar de rosas. Não nasci em berço de ouro, e cada conquista, cada passo em direção aos meus estudos e à minha independência foi fruto de uma batalha árdua, muitas vezes solitária. A vida sempre se divertiu em me testar, impondo desafios cruéis, mas, em meio a tudo isso, uma pessoa esteve ao meu lado, um porto seguro nos últimos seis anos; meu noivo, Felipe Sterling. Ele, vindo de uma família cercada de privilégios, sempre foi meu refúgio, minha fortaleza. Apesar das diferenças sociais gritantes entre nós, Felipe parecia compreender minhas dores como ninguém. Com ele, o mundo parecia menos hostil.

No início, a família dele se colocou contra nosso relacionamento. Me julgaram, me mediram, me condenaram sem se quer me conhecer. Chamaram-me inúmeras vezes de interesseira, insinuaram que minha aproximação com Felipe era apenas uma tentativa de ascensão social. Ele, porém, sempre esteve ao meu lado, defendendo nosso amor com unhas e dentes. Há um ano, decidimos oficializar a nossa união. O pedido de casamento foi mágico, doce e inesquecível. Aquele momento parecia selar, de uma vez por todas, a promessa de que, apesar de todas as adversidades, nós venceríamos juntos.

Mas com o pedido, também veio a intensificação dos julgamentos . As insinuações maldosas se multiplicaram. Para provar que meu amor por Felipe era genuíno, decidi arcar sozinha com todas as despesas do casamento. Tirei uma boa parte da minha reserva de emergência, construída com muito suor ao longo dos anos, e o restante veio de meses de trabalho incessantes após o pedido de casamento. Não deixei que um único centavo dos Sterling fosse investido, eu não daria essa munição a eles. Este seria o meu dia, fruto do meu esforço, um sonho que ninguém poderia manchar. E aqui estamos, um ano após o pedido, finalmente com todas as despesas do casamento quitadas, prontos para celebrar nossa união.

No dia do casamento, acordei com um aperto estranho no peito. Não era apenas o nervosismo; parecia um mau presságio, um aviso sombrio. Minhas mãos suavam, meu estômago revirava, mas insisti em ignorar aquele desconforto. Tentei me convencer de que era apenas a ansiedade natural de uma noiva no dia mais importante de sua vida. Vesti meu sonho, vivi meu dia de princesa e me preparei para dar o passo mais importante da minha vida.

Ao chegar ao Grand Hall, o meu coração acelerou. Sinto a brisa suave tocar minha pele e o por do sol colorir o meu dia. O espaço estava impecável, os convidados aguardavam ansiosos e a felicidade transbordava do meu sorriso. Mas ao entrar no salão de banquetes, e não ver Felipe, um arrepio percorre meu corpo. Um vazio se abre em meu peito e fico tensa de imediato. Ainda assim, mantenho a compostura, caminhando lentamente até o cerimonialista, enquanto percebo os cochichos e os olhares curiosos. Dez minutos se passaram, lentos e cruéis como uma eternidade, até que uma voz anunciou:

— E agora, lá vem o noivo, o senhor Felipe Sterling!

O salão explode em aplausos. Meu coração, até então sufocado pelo medo, se enche de esperança. Mas nada aconteceu. Nenhum passo, nenhuma música, nenhum Felipe. Os aplausos morreram, substituídos por um murmúrio inquieto. Os convidados todos estão cochichando, seus olhares agora fixos nos arredores, sem entender o que está acontecendo. Uma sensação gelada começa a me invadir o corpo; uma parte de mim intui o que está por vir, mas a outra se recusa a aceitar. A cada segundo, a sombra da humilhação se torna mais densa, me engolindo viva.

Finjo que está tudo sob controle, mantendo o sorriso forçado. Foi então que a vi. Ela. A mulher que sempre me fez sentir pequena, que nunca escondeu o desprezo que tinha por mim: minha sogra. Caminhando lentamente em minha direção, como uma rainha cruel, com uma taça de champanhe em uma mão e um envelope branco na outra. Seu sorriso forçado era mais venenoso que qualquer palavra que pudesse sair da sua boca.

— Parece que o noivo amarelou — alguém comenta, rindo.

— Não acredito que ela levou um fora… — outra voz zombou, arrancando risadas abafadas.

— Ele estava fora do alcance dela! O que ela achou? Que iria dar o golpe na família Sterling? — Sinto que vou desabar a qualquer momento, a cada comentário que ouço, sinto como tivesse tomando uma facada em meu coração.

— Uma órfã achando que vai se dar bem. Que ridícula! — ouço outro alguém comentar e sinto minhas pernas começarem a tremer, mas me obrigo a manter o que resta da minha dignidade.

— O Felipe está apenas atrasado… sei que ele vai chegar a qualquer momento! — Digo, tentando sustentar um sorriso que está quase se esvaindo em meio a lágrimas. Tento ser forte, pois eu preciso ser forte.

— Nós somos a família Sterling! — Minha sogra, então, parou diante de mim. Sua voz era fria, cortante, cheia de desprezo. — Você achou mesmo que nós iriamos permitir que nosso filho nos envergonhasse se casando com… — ela me olha de cima a baixo com desprezo — uma ninguém como você?

— Se a senhora não aprova, por que permitiu que esse casamento chegasse a este ponto? — pergunto, a voz embargada, mas firme.

— Porque eu já lidei com muitas pessoas interesseiras como você! Interesseiras e manipuladoras. E eu sempre venci. — ela sorri com malícia — Felipe? Felipe? — Ela o chama em tom de deboche — Que pena, ele não vem! — Ela estende o envelope para mim — Aqui dentro há um cheque de um milhão de reais. Pegue, desapareça da vida dele e nos poupe desse vexame.

Pego o envelope, meus olhos estão fixos no papel branco. Minhas mãos tremem enquanto eu o abro e vejo de fato, um cheque de um milhão de reais. Meu coração desabou. O pânico me domina, embora eu lute para não demonstrar. Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto, talvez um teste; já me fizeram isso tantas vezes. Agarro meu celular com tanta força e ligo para Felipe. Ele recusou as primeiras tentativas de contato, mas com um pouco de insistência finalmente atendeu.

— Amor, sinto muito. Minha mãe está certa. Preciso assumir os negócios da família. Para isso… — ele solta um grande suspiro antes de continuar — tenho que desistir de você! Aceite o dinheiro que minha mãe irá lhe oferecer e siga sua vida. — Ele fala com tanta tranquilidade que me assusta. A frieza em sua voz é como uma lâmina. Felipe soava calmo, quase aliviado, enquanto eu me despedaçava por dentro. Não tenho coragem de dizer nada, apenas desligo a chamada.

— Para meu filho, você foi apenas uma distração — acrescentou minha sogra, venenosa — Ninguém vai casar com você, interesseira!

— Você realmente acha que eu me importo com esse dinheiro imundo? — minha voz ecoou mais alta que eu mesma esperava. — Eu jamais me casaria com um pirralho como o seu filho.

Rasgo o envelope em pedaços, atirando-o ao chão junto com o buquê que segurava com tanta esperança. Senti a onda de risos, cochichos e julgamentos me engolir. Antes que as lágrimas me traíssem, decidi sair daquele salão.

Foi então que o vi. Um segurança alto, imponente, com um rosto tão marcante que, mesmo em meio à dor, conseguiu prender minha atenção. O coração, já despedaçado, agiu antes da razão. Eu queria calar a boca de todos que estavam me chamando de interesseira. Caminhei até ele, segurei suas mãos com toda a força que restava e, diante de todos aqueles que me chamavam de interesseira, declarei:

— Quer casar comigo?

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