Amélia
O mundo voltou aos poucos. Um gosto metálico na boca, a garganta seca, os olhos pesados. Amélia tentou se mexer, mas os braços estavam presos. As pernas também. Havia uma dor incômoda na nuca, como se tivesse levado uma pancada.
— Onde…? — sussurrou, a voz fraca, quase um lamento.
Ela olhou em volta tentando se concentrar e descobriu onde estava.
A luz da sala era amarelada, fraca, tremeluzente. As paredes de pedra pareciam antigas. Havia um cheiro de mofo, de umidade, de isolamento. Um silêncio denso preenchia o espaço, interrompido apenas por um leve chiado… e pela respiração de alguém.
Amélia ficou paralisada de medo da presença ao seu lado.
Foi quando ela o viu. Sentado em uma poltrona antiga, de couro marrom envelhecido, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos unidas sob o queixo, estava Sergei.
Ele não usava mais a máscara. O rosto era marcado pelo tempo e pela crueldade. Tinha olhos azuis frios como gelo, mas havia algo de perturbador neles — um brilho de i