"Apaixonado pela Babá das Minhas Sobrinhas" Rafael Hawthorne é um homem marcado pela dor. Após a morte trágica do irmão há seis anos, o empresário bem-sucedido ergueu muralhas ao redor de seu coração, vivendo apenas por dois propósitos: o trabalho e cuidar das gêmeas Melissa e Beatriz , suas sobrinhas de 6 anos, a única herança afetiva que lhe restou. Friamente calculista, ele acredita que sentimentos são um risco — até o dia em que uma desconhecida de olhos azuis como o mar o hipnotiza, fazendo seu mundo parar por um instante. O destino, porém, prega uma surpresa. Ao entrevistar candidatas para a vaga de babá das gêmeas, Rafael se depara com Flávia Carter: a mesma mulher que o deixou sem ar semanas antes. Jovem, loira e com uma doçura que contrasta com sua determinação, ela conquista não apenas as pequenas gêmeas, mas começa a desafiar cada uma das regras que Rafael impôs a si mesmo. Enquanto Flávia traz luz e risos à casa sombria do empresário, Rafael se vê dividido entre o medo de reviver a dor do passado e um desejo avassalador que não consegue controlar. Aos poucos, gestos sutis — um toque casual, um sorriso que dura segundos a mais, a cumplicidade das gêmeas — fazem sua armadura rachar. Mas Flávia guarda seus próprios segredos: ela não está disposta a ser mais uma "distração temporária" para um homem que insiste em viver nas sombras. Rafael precisará escolher entre a segurança de seu isolamento ou entregar-se a um amor proibido, enquanto Flávia questiona até onde conseguirá fugir desse sentimento. Será que o amor de Melissa e Beatriz pela nova babá — e a conexão que Rafael jurou evitar — serão suficientes para curar cicatrizes antigas? Ou o medo de perder tudo de novo condenará Rafael a uma vida de solidão?
Leer más*Rafael Narrando*
O sol ainda não havia rompido completamente o horizonte de Manhattan quando acordei, mas os primeiros raios dourados já riscavam os vidros fumê do arranha-céu vizinho. Sentei na cama, observando através da janela panorâmica como Nova York sussurrava seu mantra eterno: "Você não pode parar". Eu, Rafael Hawthorne, CEO da Hawthorne Enterprises, entendia aquele idioma melhor do que ninguém. Minha rotina era um ritual fúnebre desde que Miguel morrera. Três passos até o espresso machine italiano, dois comprimidos para a enxaqueca matinal, um olhar rápido para a foto emoldurada na estante: meu irmão e eu no topo do Rockefeller Center, sorrindo como dois piratas que haviam conquistado o mundo. Agora, só restavam as gêmeas. Mel e Bia. Seis anos de risos que ecoavam estranhos naquele apartamento de decoração minimalista, onde até os brinquedos pareciam organizados por um curador de museu. Vesti o terno sob medida como uma armadura. No espelho do banheiro, um estranho me encarava: olheiras profundas, mandíbula cerrada, o mesmo relógio Patek Philippe que Miguel usava no dia do acidente. "Nós somos invencíveis, Rafa", ele costumava dizer entre goles de uísque em bares clandestinos do Lower East Side. Agora, eu bebia água mineral em reuniões de conselho. Desci as escadas em espiral para o living principal, onde Rosália, minha governanta há uma década, ajustava os talheres de prata na mesa de mármore. Seus olhos evitaram os meus - sinal claro de tempestade. — Bom dia, Senhor Hawthorne — murmurou, colocando meu café duplo exatamente a 15 cm do prato. — Dona Lola e as meninas já estão... no jardim de inverno, mas… O “mas” pairou no ar como um fantasma. Meus dedos contraíram involuntariamente em torno da xícara. — Fale. Rosália engoliu seco. — A agência de babás ligou. Dona Lola... desistiu da posição. Disse que as gêmeas são... demais. O café amargou em minha boca. — Demais?! — A pergunta ecoou como uma acusação. Beatriz, com seus "porquês" que furavam qualquer lógica adulta. Melissa, com seu hábito de sumir como um gatinho assustado pelos corredores. Sete babás em cinco meses. Olhei para a porta do jardim, onde ouvi um riso agudo seguido por um “Não é assim, Bia!”. Por um instante, quase sorri. Quase. — Marque entrevistas com novas candidatas. Hoje. — ordenei, pegando minha maleta. — E desta vez, quero relatórios psicológicos. Comprovados. Rosália assentiu, mas seus olhos diziam o que eu já sabia: nenhum teste ou relatório prepararia alguém para o furacão Hawthorne. Enquanto meu motorista acionava a buzina na rua, senti o peso do relógio de Miguel no pulso. "Você precisa viver por nós dois agora", sussurrou uma voz dele em meu ouvido. Mas viver era uma palavra grande demais para quem ainda respirava por obrigação. As primeiras luzes da manhã tingiam o Central Park de dourado quando o riso delas invadiu a cozinha como uma invasão de alegria proibida. —Tio Hawk! — gritaram em coro, pequenos pés descalços ecoando no piso de mármore. Melissa colou seu nariz achatado no vidro blindado da janela, enquanto Beatriz tentava escalar minha perna como um macaquinho em pijamas de unicórnio. — Princesas! — murmurei, erguendo as gêmeas de uma vez só. Seus seis anos pesavam menos que meu relógio, mas ocupavam todo o espaço morto do meu peito. Bia enfiou uma mão pegajosa de waffle no meu colarinho impecável. — Tio, a Lola disse que você tá bravo com o mundo de novo! — anunciou, enquanto Mel sussurrava em meu ouvido: — Mas nós te amamos mesmo quando você faz cara de monstro. Rosália apareceu na porta, segurando um tablet com a agenda do dia. — Senhor Hawthorne, as entrevistas para a nova babá começam às 9:00 horas mas… — Um olhar para as meninas silenciou-a. — Eu conhecia aquele roteiro: — teremos mais uma semana até a Dona Lola partir para Guadalajara. Ou seja, apenas mais sete dias para encontrar alguém que não fugisse das pequenas furacões Hawthorne. No café da manhã, enquanto Mel desenhava dragões em seu oatmeal e Bia debatia por que o Empire State Building não usava chapéu, Lola entregou a carta de demissão com mãos trêmulas. — Minha tia Esperanza... o câncer.. — disse em espanhol rápido. Eu acenei, mas minha mente já calculava riscos: “Quem supervisionaria as aulas de natação? Quem sabia que Bia tinha pavor de abelhas após o incidente no Brooklyn Botanic Garden?” Na Bentley a caminho da escola, enquanto as gêmeas cantavam "New York, New York" com letras inventadas, a memória cortou como uma faca: Lorena naquele mesmo banco traseiro seis anos atrás, perfume barato misturado ao cheiro de mentiras. "São suas sobrinhas, Rafael. Ou você me paga para me calar, ou eu as transformo num reality show." Ainda sentia o gosto metálico daquela tarde - o jeito que meu irmão Miguel teria esmurrado a mesa, mas eu apenas assinara o cheque com caligrafia de CEO. Cinco milhões de dólares para pagar uma mãe. Três seguranças armados para garantir que ela embarcasse no voo para Cancún. — Tio Hawk, você tá com cara de Hulk outra vez! — Bia cutucou meu joelho com os sapatos de Minnie Mouse. Melissa, sempre a psicóloga mirim, colocou sua mãozinha sobre a minha: — A gente te protege dos monstros, viu? Ao deixá-las na entrada da Little Ivy Academy, vi as outras mães cochicharem. “O tio coração gelado, fico com pena dessas crianças.” O que elas não sabiam, porém, era que eu trocaria todas as torres de Manhattan por um único dia daquelas pestinhas me chamando de "Tio Monstro" com aquele sorriso que arrancava tijolos de meu muro emocional. De volta ao escritório no 72º andar da Hawthorne Tower, as pilhas de currículos me encaravam como um desafio. "Experiência com crianças", lia no primeiro. Babá de uma família em Hamptons. Referências impecáveis. Mas a foto mostrava uma mulher de tailleur impecável e sorriso de plástico – o tipo que chamaria as gêmeas de "pequenas selvagens" em vez de entender suas invenções de slime. Joguei a pasta na pilha de rejeitados. O segundo currículo: Cláudia M. - 8 anos de experiência. Cursou pedagogia. Mas seu histórico incluía uma passagem relâmpago por uma família em Dubai. Demitida após 3 semanas. Provavelmente não aguentou crianças mais difíceis que um filhote de poodle. — Próxima — grunhi, esfregando as têmporas. Na tela do computador, uma candidata de coque perfeito falava em vídeo: "Adoro impor rotinas saudáveis." Imaginou-a confiscando os giz de cera de Mel durante uma "hora do silêncio" e mandei o arquivo para o lixo eletrônico. O quarto currículo cheirava a desespero: "Aceito qualquer salário!" Risquei com uma caneta Montblanc. Não queria alguém desesperado. Queria alguém perfeito. A quinta pasta quase me fez rir: uma ex-modelo com cursos de yoga infantil. Bia a transformaria em escada humana em 15 minutos. Estava prestes a jogar o iPad contra a parede de vidro quando a porta do escritório se abriu com um estalo. Irma, minha secretária pessoal há 12 anos – e a única pessoa que ousava interromper meus surtos – entrou com passos de taco de hóquei. — Reunião com os investidores coreanos em 20 minutos — anunciou, deixando um dossiê de 300 páginas na minha mesa. — E pelo amor da Chanel, Hawthorne, pare de assassinar candidatas. A próxima babá das garotas vai pensar que este prédio é a filial do Assassin's Creed. Olhei para ela por cima dos óculos Prada. — Você tem alguma candidata que não seja uma Miss Simpatia ou uma freira fugitiva? Irma ajustou os óculos de aro vermelho – seu único traço de cor em trajes sempre cinza. — Tenho uma reunião marcada amanhã com uma ex-professora do MOMA. Arte-terapia para crianças, diz o CV. — Arte-terapia — repeti, imaginando Mel pintando meu Aston Martin com glitter. "te amo tio." Enquanto ela saía, olhei pela janela. Lá embaixo, o Central Park parecia um tapete verde onde Bia certamente tentaria "domesticar esquilos" se eu a levasse lá. Puxei a gaveta superior e encarei a única foto que permitia em meu escritório: Miguel segurando um troféu de hóquei, dois dias antes do acidente. "Cuide delas como eu não pude", sussurrou aquela voz na minha mente. O relógio de parede marcou 8: 45 AM. Respirei fundo, endireitei o paletó Brioni, e saí para a reunião. "Babás podiam esperar. O mundo não."*Narrado por Flávia*O sol da manhã de sábado entrava suave pela janela da sala de estar, pintando de dourado os cabelos desalinhados de Mel e Bia, que brincavam no tapete com blocos de montar. Meu coração batia forte enquanto observava Rafael preparar chá de camomila – seu jeito disfarçado de acalmar os próprios nervos. Ele vestira uma camiseta cinza, simples, mas as sombras sob seus olhos e a tensão nos ombros denunciavam a tempestade que se aproximava. — Meninas… precisamos conversar — sua voz soou rouca, diferente. Ele se ajoelhou no chão, ao nível delas. — Precisamos conversar. Sobre algo muito importante. Bia ergueu os olhos, curiosa. Mel, sempre perspicaz, sentou-se imediatamente em posição de lótus, as mãos no colo. Mel ergueu o olhar dos blocos coloridos. Seus olhos azuis intensos, tão idênticos aos do pai delas, fixaram-se nele com uma intensidade sobrenatural: — É sobre mamãe? É sobre ela não estar morta, né, tio Rafa?— Mel perguntou, indo direto ao ponto. Rafael e
*Narrado por Rafael* A luz do luar entrava furtiva pela janela do quarto, iluminando minha cama, quando ouvi dois suaves toques levantei-me imediatamente sorrindo sabia que era Flávia. Quando abri percebi ela olhando em todas as direções do corredor da mansão, ela entrou e passou a chave enquanto corria para cama e se encolhia sob o lençol, o rosto enterrado no travesseiro. Eu quis sorrir, já sabia porque ela fazia aquilo, porém mantive o ar sério perguntando:— O que houve querida?— Morrendo de vergonha que meu pai descubra que estou aqui… sem estarmos casados — murmurou, as bochechas coradas mesmo no escuro. Deitei-me ao seu lado, rindo baixo. Era absurdo e delicioso. — Pudores em pleno século XXI, minha fada? — puxei-a contra meu peito, sentindo seu coração acelerado. — Acredita que seus pais não saibam que já dormimos juntos?Ela ergueu o queixo, desafiante: — Claro que não sabe! Jamais permitiria… — Seu pai sabe — interrompi, suave, passando o polegar por seu lábio inc
Ao anoitecer, depois de um dia estafante de trabalho para ele e de eu chegar exausta da universidade, encontramo-nos no escritório como ímãs que não resistem à mesma polaridade. Mal fechei a porta, e Rafael já me puxou contra seu corpo, as mãos firmes em minha cintura, os lábios encontrando os meus com uma sede que parecia acumulada em cada hora de distância. — Senti falta desse gosto… — ele murmurou, entre beijos que desciam pelo meu pescoço, deixando rastros de fogo. Seu cheiro – canela e desafio – era meu vício particular. Deixei-me afundar naquele abraço, os meus dedos perdidos em seus cabelos escuros, enquanto ele deslizava as mãos sob minha blusa, explorando cada curva com posse que fazia meu corpo tremer. Os dedos traçando minha coluna como um artista faminto, enquanto eu me perdia em seu calor puxando-o para mais perto. — Achei que nunca terminaria essa maldita reunião — ele murmurou, entre beijos que traçavam minha mandíbula, deixando minha pele em brasa. Ele envolveu
*Rafael Narrando*Dois dias. Quarenta e oito horas de silêncio tenso nas salas de monitoramento da mansão, enquanto a polícia militar americana rastreava pistas frias sobre Deivison. O ar pesava como chumbo, e até as risadas das gêmeas soavam abafadas pelos corredores. Eu observava os vídeos das câmeras de segurança, os dedos tamborilando na mesa de carvalho, quando James Carter entrou na sala como um furacão prestes a tocar o solo. — Precisamos falar, Rafael. Ergui os olhos. O olhar dele era o mesmo que Flávia usava quando decidia cavar trincheiras: teimoso e irredutível. — Se for sobre sair daqui, economize o discurso, James. Ele encostou-se na parede, os braços cruzados. — Jonny vai ocupar seu apartamento em breve e eu e Ana Clara pretendemos voltar para o Arizona amanhã. Quero que minha família volte pra casa. Uma risada seca escapou-me. — Casa? Enquanto Deivison estiver solto, sua casa é um alvo móvel. — Pretende mesmo nós nos manter em prisão domiciliar? — falou e
* Rafael Narrando* A mansão respirava alívio quando entramos. Ana Clara correu como um furacão, envolvendo Mel e Bia num abraço que quase as levantou do chão, seu rosto molhado de lágrimas silenciosas. James segurava Jonny pelo ombro — o rapaz ainda demonstrava estar pálido, os olhos arregalados de terror contido —, mas quando viu as garotas e a sua irmã bem, um sorriso trêmulo rompeu-lhe o rosto. — Jonny! — Bia gritou, escapando dos braços de Ana. — O tio Rafa é um dragão de verdade! Voou e boom! O homem feio gritou que nem o Grog da sua história! Mel ergueu o pingente de rubi, orgulhosa: — Apertamos os olhos do dragão, e ele veio! Igual a tia Flávia falou! Jonny balançou a cabeça, sério como um xamã: — Dragões só obedecem a princesas corajosas. E vocês foram muito bravas. Ana Clara olhou para mim, um misto de alívio nos olhos. Sabia o que aquela noite poderia ter custado a vida das meninas, e aparentemente a família inteira de Flávia já havia se apegado às gêmeas tanto
*Narrado por Flávia*Momento antes de Rafael salvar as gêmeas…O carro acelerou rumo ao Pier 54, as luzes de Manhattan riscando linhas sangrentas no vidro. Rafael dirigia com uma mão só, a outra apertando a Glock no colo. Seu perfil era uma estátua de gelo sob a luz dos postes – até que sua voz rachou o silêncio: — Agora você sabe. Não fui um bom filho, um bom irmão, nem um bom homem. Seus dedos branquearam no volante. Preciso ouvir: ainda consegue amar o monstro que carrego dentro de mim? Parei o relógio do mundo com minha mão sobre a dele. — O menino que ligou para Albert não era um monstro. Era uma criança assustada querendo um pai — comecei, sentindo sua pulsação acelerada. — O homem que quebrou as pernas daquele lixo? Sim, foi cruel. Mas também é o mesmo que...Minha voz falhou quando encontrei seus olhos – dourados e devastados. — Que construiu um lar para Mel e Bia depois que os pais delas morreram. Que protege a mim e a minha família como um dragão protege seu tesouro
Último capítulo