Nada esconde a sujeira pintada de culpa.
LEONARDO CASSANI
Cheguei cedo à Cassani’s. Gosto de chegar antes do barulho, antes dos olhares que fingem respeito.
O corredor do último andar ainda cheirava a café fresco e medo recente — o tipo de silêncio que antecede a confusão.
Entrei na minha sala, coloquei a pasta sobre a mesa e me sentei.
Do outro lado do vidro, onde só eu podia ver o que acontece do lado de fora, mas ninguém vê o que acontece dentro, o reflexo mostrava o andar executivo ainda acordando: Norman chegando, com a calma de quem tenta manter a dignidade num ambiente pronto pra devorar gente.
Toquei o painel de controle na mesa.
As telas de segurança acenderam.
Vi Isabella entrando no andar. Tinha aquele andar arrogante, como se o chão de mármore existisse pra ser tapete.
Norman não a viu de imediato — até ouvir o som do salto, aquele som que avisa perigo.
Isabella parou diante dela. A postura, o sorriso, a voz… tudo era provocação.
— Então, você ainda trabalha aqui — disse