O que se esconde entre as paredes vira público.
LEONARDO CASSANI
Quando as portas se fecharam e os últimos rostos já haviam sido empurrados rua afora em direção às viaturas, eu ainda permaneço em pé, no centro da sala de vidro, sentindo o ar pesado como se a própria construção intentasse me avisar do que eu faria a seguir. Pedi que Isabella, Henrique e Melissa ficassem. Não era interrogatório — era o fechamento do circuito.
Eles entraram. O chão parecia ter mais eco do que a poucos minutos — ou talvez fosse a minha cabeça. Todos olhavam para a porta. Pela fresta, mãos se entrelaçaram e, sem alarde, Amaro Cassani atravessou o vão segurando a mão de Noêmia. O impacto foi físico: Isabella interrompeu no meio da frase.
— O que está acontecendo aqui? Por que você está de mãos dadas com essa mulher? — gritou, a voz um fio de pânico.
Amaro ficou quieto, os olhos frios. Foi Norman quem se mexeu primeiro: correu, abraçou a irmã e sentiu, com a ponta dos dedos, a curva do ventre de Noêmia — a