Quando o amor precisa se esconder.
LEONARDO CASSANI
A mansão estava em silêncio quando voltei.
O tipo de silêncio que denuncia mais do que esconde.
As luzes do andar de cima estavam acesas, fracas, amareladas, como se alguém tentasse fingir normalidade enquanto o coração ruía por dentro.
Subi devagar.
O som do zíper de uma mala denunciou o que eu já temia.
Ela estava ali.
De costas pra mim, os ombros trêmulos, o cabelo solto caindo sobre a blusa branca.
Norman Andrade Paixão.
A mulher que fez o meu inferno parecer descanso.
— Amor... — falei, baixo, tentando entender. — O que você está fazendo?
Ela se virou devagar. O rosto molhado, o olhar ferido.
— Indo embora, Leonardo.
Por um segundo, eu esqueci como respirar.
— Indo embora pra onde?
— Pro Brasil. — respondeu, com a voz trêmula. — Eu não vou aguentar ver aquela mulher te tocar como se fosse dela.
A mala fechou com um estalo que pareceu uma sentença.
Dei um passo à frente.
Ela recuou um.
— Norman... — respirei fundo. — Não faz iss