Quando achamos que não merecemos, mas o presente da vida chega quando não esperamos.
NORMAN PAIXÃO CASSANI
O dia amanheceu diferente.
Não sei explicar — o ar parecia mais denso, o coração mais atento, como se algo estivesse prestes a mudar. Abri os olhos e toquei o lençol ao lado... vazio.
Leonardo não estava na cama.
Desci as escadas descalça, o piso frio de mármore gelando os pés, e foi ali, na curva do corredor, que ouvi a voz dele.
— Preciso desligar. Nos falamos depois.
O tom baixo, contido, quase um sussurro.
Meu peito deu um salto, e não foi uma sensação boa.
Fiquei parada por um instante, escondida atrás da parede, observando o homem que era meu porto — e ao mesmo tempo sentindo o medo mais primitivo de todos: o de perder o que se ama.
— Bom dia, Leo! — disse, tentando parecer leve. — Está tudo bem?
Ele virou-se, e aquele olhar… não era o mesmo de todos os dias. Não era frieza, mas havia uma calma estranha, distante, como quem carrega algo que não quer dividir.
Meu instinto