Meu amigo de infância e meu irmão se apaixonaram pela estudante carente que veio morar em nossa casa. Vendo todo o carinho e amor da família sendo roubados por ela, decidi me desvincular desse núcleo familiar para sempre. Após minha partida, o homem que outrora desejou minha morte se desesperou em sua busca por mim.
Leer más— Nós realmente não temos mais nenhuma chance?Bruno ainda não queria desistir assim tão facilmente.Catarina não respondeu, mas seu silêncio já havia dado a resposta.Não era que ela não pudesse recusá-lo.Ela apenas não sabia como se despedir sem feri-lo.Aquele silêncio era o último gesto de delicadeza que Catarina podia oferecer a ele.— Entendi.Bruno abaixou a cabeça e, enfim, desistiu.Catarina o ajudou a se levantar e, do bolso do jaleco branco, tirou uma fita cassete.Bruno reconheceu de imediato: era o primeiro presente que Catarina lhe dera, contendo as músicas que ele mais gostava.Mas, porque se apaixonara por Joana e queria cortar de vez qualquer laço com Catarina, Bruno devolvera a fita e o gravador juntos para ela.Foi o gesto do qual mais se arrependera em toda a vida.Mais tarde, procurou a fita no gravador e, não a encontrando, pensou que Catarina já a teria queimado junto com outras recordações. Jamais imaginara que Catarina a mantivera consigo todo esse tempo.— Eu
A temperatura estava tão baixa que parecia prestes a congelar o ar.Só quando o gosto de ferro se espalhou entre seus lábios e dentes, ele percebeu que havia mordido o lábio inferior até sangrar.Por esse reencontro, ele atravessara doze meses de dias e noites, quase revirando cada canto da cidade, abandonando completamente os estudos. O diretor, incapaz de ver o outrora aluno exemplar Bruno afundar-se na apatia, finalmente lhe revelou o paradeiro de Catarina.Assim que obteve a informação, ele imediatamente comprou a passagem de avião para aquele lugar.Durante o trajeto, Bruno não se deu ao luxo nem de tomar um gole d’água, desejando apenas encontrar logo a pessoa que invadia seus sonhos e pensamentos.No entanto, ao reencontrar Catarina, ele descobriu uma verdade cruel: Catarina já não era mais aquela menina doce, capaz de tolerar tudo e de tratá-lo com ternura infinita, como guardava na memória.Por mais que se esforçasse, ele não conseguia encontrar um traço sequer de sentimento
As estrelas formavam correntes no céu, e Justino permanecia quieto, enrolado no banco de pedra banhado pelo luar.Ele apoiava o antebraço sobre o joelho de Catarina, mas o olhar não conseguia se desviar do rosto dela.A luz da lua repousava sobre a pele de Catarina como uma camada de geada fina, tornando-a radiante mesmo na escuridão da noite.Somente quando o creme tocou a queimadura, Justino prendeu a respiração, sentindo um frio percorrer o corpo e, assim, voltou a si.— A queimadura está bem séria. Se não cuidar direito, pode ficar com cicatriz, sabia? Você também é estudante de medicina, como pode ser tão descuidado?— Não tem problema, eu sou homem, uma cicatriz no braço não vai incomodar ninguém.— Eu me importo.Catarina suspirou, deixando o olhar do rapaz totalmente perdido.Após terminar de aplicar o remédio, ela olhou para ele com seriedade: — Justino, volte para a faculdade amanhã. Eu entendo o que sente, mas agora não tenho tempo para romances, e não quero que você desperd
Ao lado de uma árvore de ipê amarelo no gramado oeste do Instituto de Medicina, Catarina encontrou um lugar aquecido para se sentar.O cheiro de desinfetante do laboratório ainda pairava em suas narinas. Ela desabotoou o colarinho, respirando o ar fresco do lado de fora, e espalhou pedaços de pão integral esmigalhado para o bando de pombos cinzentos.Já faziam três meses desde que chegara ao Instituto de Medicina.Depois de entrar no laboratório, ela frequentemente permanecia ali o dia inteiro.O crachá no bolso parecia pronto para deixar uma marca permanente no jaleco branco.Tal rotina exaustiva seria insuportável para a maioria das pessoas, mas para Catarina, que já havia passado por tantas dificuldades, isso não era nada demais.No grupo de desenvolvimento de novos medicamentos do laboratório, seus parceiros eram os mestres mais proeminentes do campo médico atual, ou mesmo verdadeiras lendas da medicina.Apesar de, no momento, atuar apenas como assistente de laboratório, em apenas
O som surdo dos punhos atingindo a carne ecoou na sala.Os gritos de Joana foram se tornando cada vez mais fracos. Ela se contorcia como um peixe fora d’água, o rosto coberto de lágrimas e ranho: — Desculpa, Sr. Serpa... Eu sou só uma bastarda sem pai nem mãe, queria tanto uma família, por isso contei aquelas mentiras...De repente, ela agarrou a barra da calça de Gilberto, batendo a testa no chão até formar hematomas: — Me perdoa, por favor, nunca mais vou enganar ninguém, te suplico, me perdoe!Gilberto a fitava com olhos vermelhos.A resposta veio em forma de golpes ainda mais violentos.Quando finalmente parou, Joana jazia no chão como um cão morto, à beira da morte.— Papai. — A voz de Fábio parecia vir de dentro de um freezer. — No dia do acidente... quem foi que doou sangue para mim?O corpo de Gilberto estremeceu violentamente. De repente, começou a se esbofetear com força.— Foi sua irmã Catarina.Ele puxou os próprios cabelos e gritou:— Naquele momento, eu estava completamen
Quando viu que Gilberto estava prestes a jogar o gravador no lixo, Bruno imediatamente deu um passo à frente:— Espere, quero ouvir o que foi gravado nesse gravador.As palavras do membro da Família Serpa realmente o alertaram.Catarina havia colocado de propósito aquele gravador dentro de uma caixa de presente, em um lugar tão visível; certamente havia um motivo para isso.— Não tem nada de bom aí, pode ser alguma maldição contra a gente. É muito azar, melhor jogar fora logo, — Disse Joana, levantando-se de maneira incomum para retirar a fita do gravador.Ela parecia extremamente nervosa, algo totalmente contrário à sua habitual serenidade; era um gesto impulsivo que ela nunca teria tomado em outras circunstâncias.— Pare agora.Bruno não permitiria que ela conseguisse. Rapidamente, ele interveio para impedir.No momento em que os dois disputavam o gravador, Bruno apertou antes o botão de reprodução do gravador.Após um chiado, uma voz cheia de arrogância soou:— Catarina, ajoelha-se
Último capítulo