Capítulo 3
Bruno encontrou o olhar vazio de Catarina.

O olhar dele vacilou por um instante.

Mas, ao pensar que Joana também estava internada, ele cerrou os dentes e virou-se decididamente para ir embora.

Justino ficou completamente atônito diante do que presenciava.

Ele nutria uma afeição secreta por Catarina há muito tempo.

No entanto, ao ouvir dizer que Catarina tinha um namorado de infância com quem mantinha uma relação sólida, ele sufocou seus sentimentos no fundo do peito.

Por vezes, sentiu uma inveja amarga daquele homem que sequer conhecia.

Jamais poderia imaginar que, quando Catarina mais precisasse de cuidado, aquele homem escolheria estar ao lado de outra mulher.

O ferimento de Catarina continuava a sangrar sem parar.

Ainda assim, ela parecia alheia à dor, os olhos apagados, sem brilho.

Os lábios de Justino tremiam de preocupação e tristeza:

Ele não conseguia conceber o quanto Bruno havia ferido Catarina, a ponto de transformar aquela jovem sempre radiante e alegre em alguém tão abatida.

— Catarina, vou buscar uma gaze para cuidar do seu ferimento.

Após tratar o machucado, Catarina pediu que ele a ajudasse com a alta hospitalar.

Antes de partir, Justino segurou Catarina com delicadeza.

Ele sabia que, naquele momento, a Família Serpa não tinha mais espaço para ela.

Se Catarina não se importasse, poderia ficar ali por mais alguns dias.

Ele se dispunha a cuidar de Catarina.

Mas Catarina apenas sorriu e balançou a cabeça.

Ela não queria envolver Justino naquela situação.

"Ser ferida, só ela bastava."

Ao retornar para a Família Serpa.

Gilberto lhe enviou uma mensagem:

[Joana acabou de fazer uma lavagem estomacal, precisa de cuidados, não vamos voltar para casa esta noite.]

[Deixamos comida para você na cozinha, coma ao chegar.]

Sobre a mesa de jantar, repousavam apenas alguns pratos com restos de verduras picadas, pedaços gordurosos de carne e uma sopa já fria.

Aquilo não fora deixado especialmente para ela, mas sim as sobras da refeição de Joana.

Catarina manteve o rosto sem expressão, já estava acostumada.

Desde que Joana chegara à Família Serpa, Gilberto demonstrava uma compaixão especial por aquela jovem bolsista.

Dizia que ela crescera no interior, sempre com alimentação precária, por isso as melhores comidas eram sempre dadas primeiro a Joana.

Catarina, sendo mais velha, deveria ser compreensiva.

Deveria, de bom grado, ceder tudo o que tinha.

Como nunca foi de disputar nada, Catarina apenas assistira Joana tomar para si tudo o que antes lhe pertencia.

Até mesmo seu antigo quarto agora era ocupado por Joana.

Restava-lhe apenas o sótão frio e ventilado, onde dormia em uma cama dura.

Talvez, aos olhos de Gilberto, o jeito doce e bajulador de Joana fosse o ideal de filha que ele sempre desejara.

Nesse momento, a porta se abriu.

Fábio entrou carregando uma sacola.

Ao avistar Catarina, ele se surpreendeu, franziu a testa, como se estivesse diante de algo desagradável.

— Voltei para pegar os itens de higiene da Joana.

— Além disso, Bruno pediu para te avisar que entre vocês acabou. É melhor cada um seguir o seu caminho. Joana teve outra recaída de depressão, ele não pode sair do lado dela agora.

— Isto foi o que você deu para ele, pediu para eu devolver.

Ele tirou um gravador e o entregou a Catarina.

Foi o primeiro presente que Catarina dera a Bruno.

Quando criança, não tinha dinheiro para comprar nada caro.

Economizou o dinheiro do lanche por meio ano para comprar aquele gravador, onde gravou várias músicas que Bruno tanto gostava.

Ela ainda se recordava de Bruno, em lágrimas, abraçando-a e prometendo que valorizaria aquele presente para sempre.

"Agora, ele não apenas esquecera aquela promessa."

"Nem sequer quis devolver o presente pessoalmente."
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