Naquele momento, Catarina apenas lhe deu um leve beijo na lateral do rosto, sem pedir sua permissão, diante dos amigos, e ele ficou tão bravo que passou dias sem falar com ela.
Afinal, Bruno nunca fora um homem reservado.
Ele só se comportava como um bloco de gelo quando estava com Catarina.
Catarina sentiu um enjoo.
Levantou-se e saiu.
Ao sair, Bruno a viu e, assustado, empurrou Joana para longe.
Só então, todos perceberam que ela estava ali.
Assim que passou pela porta, Joana correu atrás dela e segurou seu ombro:
— Catarina, o que aconteceu agora não foi o que você está pensando...
— Solte-me. — Catarina franziu a testa, sem querer ouvir explicações.
Mas Joana continuou agarrada, apertando cada vez mais forte:
— Me diga, se eu cair aqui agora, será que sua família vai pensar que foi você quem me empurrou?
Assim que terminou a frase, Joana soltou um grito estridente, caiu para trás de forma dramática e quebrou toda a parede de vidro do restaurante.
Quando os membros da Família Serpa chegaram após ouvirem o barulho, viram Joana caída entre os cacos de vidro, com sangue jorrando da cabeça e o corpo coberto de cortes.
— Catarina, você ficou louca? Está tentando matar ela? — Fábio gritou, abraçando Joana com força.
Catarina ainda não tinha dito nada.
Gilberto desferiu um tapa em seu rosto: — Vadia.
Catarina caiu no chão, cuspindo sangue misturado com pedaços de dente.
Um de seus dentes havia sido quebrado.
Ela abriu a boca, querendo se explicar.
Mas ao ver os olhares de rancor e raiva de sua família, como se desejassem devorá-la viva, as palavras ficaram presas na garganta, incapazes de sair.
Seus próprios parentes só acreditavam em Joana, uma estranha.
Não importava o que dissesse, seria sempre mentira, seria sempre imperdoável.
Nos braços de Fábio, Joana choramingou:
— Catarina, se você me odeia, basta dizer uma palavra e eu desapareço deste mundo para sempre. Se você acha que roubei o Bruno, eu o devolvo para você. Se isso te fizer feliz, eu faço qualquer coisa, por favor, só não me machuque...
O desempenho de Joana foi tão convincente que os olhos dos membros da Família Serpa se encheram de lágrimas.
— Catarina, é porque acha que a Joana me tirou de você que fez isso com ela?
Bruno olhou para Catarina, atônito.
Catarina fitou-o, atordoada.
Então, soltou uma risada, cuspindo sangue.
Quando alguém chegou ao fundo do desespero, descobriu que conseguia até rir disso.
Ao ver Catarina rindo naquela situação, Bruno atingiu o auge de sua decepção com ela:
— Sabe, neste momento, eu não sinto mais ódio de você.
— O que eu odeio é aquele eu do passado, cego, que um dia amou uma mulher tão venenosa quanto você.
— Você merece morrer, espero que desapareça logo deste mundo.
Depois de dizer isso, virou-se e saiu, levando Joana e os membros da Família Serpa ao hospital.
Enquanto observava as costas deles se afastando, o riso de Catarina não cessava.
Os transeuntes pensaram que ela tinha enlouquecido.
Ela ficou deitada no chão, por muito tempo sem conseguir se levantar.
Seu coração já estava completamente destroçado, irreparável, incapaz de sentir qualquer dor.
Em seus olhos negros não havia rancor, nem raiva.
Apenas uma indiferença insensível e absoluta.
Não importava mais, em três dias, eles nunca mais veriam aquela pessoa desprezível.
Quando voltou para casa, o som das risadas cessou instantaneamente.
Todos olhavam para ela como se dissessem: como você tem coragem de voltar?
Era como ver um cachorro, com as pernas quebradas e jogado para fora de casa, arrastando o corpo ferido para dentro novamente.