Catarina não pretendia contar-lhe a verdade naquele momento:
— Estou um pouco cansada, quero tirar uns dias de licença da faculdade, dar uma volta pelos arredores, não vou muito longe.
Ela mostrou a ele o guia turístico que estava lendo.
Vendo que Catarina falava a verdade, Bruno finalmente relaxou um pouco e soltou-a:
— Que bom. Eu sabia que você não seria tão mesquinha assim, é só uma patente, da próxima vez você pode registrar outra.
Nesse instante, o celular dele tocou. Era Fábio, do hospital:
— Bruno, onde você está? Joana acordou e percebeu que você não estava ao lado dela, a crise voltou, agora ela está chorando, batendo a cabeça na parede, sangrou muito, venha rápido.
Bruno apressou-se a sair, mas ainda se virou para alertar:
— Se quiser viajar para espairecer, vá, só não se afaste muito de casa.
Catarina sorriu em silêncio:
Fique tranquilo, não vou longe, só o suficiente para não ser encontrada por vocês.
Ao passar pelo quintal, olhando para a pilha de cinzas irreconhecíveis, Bruno franziu a testa, sentindo-se desconfortável.
Mas logo se tranquilizou, afinal, Catarina já havia sido tão fria, ele não tinha porque sentir culpa por alguém assim.
Só não entendia o motivo.
Ainda sentia que Catarina escondia algo dele.
"Deixa de imaginar besteira, para onde ela poderia ir?"
"No momento, o mais importante é cuidar da Joana, não posso me distrair."
Pensando em Joana, Bruno virou-se e deixou Catarina para trás.
Nos dias seguintes, Catarina percorreu todos os pontos turísticos da cidade com um grupo.
Ao seu redor, só jovens da sua idade, o ambiente era excelente.
Assistiram ao pôr do sol no topo da montanha, cantaram e fizeram churrasco sob as estrelas.
Ali, ela já não se sentia ferida por laços familiares ou amorosos, e cada vez mais acreditava que no fim das contas, as pessoas deviam viver para si mesmas.
O último destino da viagem foi um restaurante-jardim de alto padrão.
Catarina havia escolhido um lugar junto à janela, pronta para aproveitar a tarde em silêncio, quando viu alguém entrar no restaurante.
Era Joana.
Hoje também era o dia da alta de Joana.
A família inteira estava ali para comemorar com ela.
Sentaram-se no lugar mais visível do salão.
Champanhe, presentes, bolo.
Tudo aquilo que Catarina jamais tivera, agora estava diante de Joana, como uma verdadeira princesinha, à sua disposição.
Ao ver Gilberto servindo vinho para Joana, Bruno mostrou preocupação:
— Sr. Serpa, Joana acabou de sair do hospital, não deixe ela beber.
— Imagina, quem vai beber comigo, senão vou desperdiçar o vinho! Que tal você beber umas taças por ela, Bruno?
— Bruno, não se preocupe, um pouco não faz mal. — Joana sussurrou docemente ao ouvido de Bruno, — O seu pai está feliz hoje, não quero estragar o clima, deixa eu beber um pouco.
A proximidade dos dois, para todos ao redor, era de um casal recém-apaixonado, com o romance em pleno florescimento.
Diante disso, Fábio logo provocou:
— Se não quiserem beber, então se beijem, que tal?
Os olhos de Gilberto se iluminaram:
— Isso mesmo, deem um beijo e eu não deixo Joana beber.
O rosto de Joana ficou imediatamente corado.
Mas ela não recusou.
Em vez disso, olhou para Bruno.
O olhar sedutor e o queixo levemente erguido.
Como se esperasse por algo.
Bruno, enfeitiçado pelo brilho sedutor em seus olhos, sentiu a boca seca. No momento em que hesitava, Joana de repente se aproximou e, tomando a iniciativa, beijou seus lábios.
Bruno não esperava tamanha ousadia de Joana e, por reflexo, tentou afastá-la.
Mas quando sentiu o calor suave de seu corpo junto ao dele, acabou cedendo ao avanço dela, correspondendo ao beijo, ofegante, sem conseguir se controlar.