A manhã amanheceu densa no morro, como se o sol tivesse medo de brilhar. O silêncio que pairava não era normal — os becos, geralmente cheios de música alta, vozes e passos, estavam estranhamente calados. Era o tipo de silêncio que anunciava tempestade.
Priscila não tinha conseguido dormir. Sentia no corpo o peso da noite anterior: os disparos de aviso, os boatos de que homens estranhos tinham rondado o beco, o olhar desesperado de Rute pedindo que ela sumisse antes que fosse tarde demais.
— Eu não vou fugir — disse, com a voz fraca, encarando a irmã. — Se eu for embora, B.K. vai atrás. Se eu ficar, Caio não desiste. Onde eu corro, Rute?
Rute, cansada, passou a mão no rosto.
— O problema não é só tu, Pri. O problema é o que tu representa pros dois.
Priscila estremeceu. Nunca se sentira tão dividida entre a própria vontade e o destino que outros escolhiam por ela.
No mesmo horário, no outro lado da ladeira, Caio recebia a informação que esperava:
— A gente achou o ponto do chefe deles