O som da chuva fina retornou durante a madrugada, um sussurro constante que batia suavemente no telhado da casa em Asheville. Evelyn acordou antes do sol nascer, envolta no lençol amassado e no calor silencioso que vinha do lado de Lucas. Observou por longos segundos o contorno do rosto dele, os cílios longos, a boca levemente entreaberta no sono.
Parecia em paz.
Parecia... real.
Levantou-se devagar, vestiu a blusa de lã que ele deixara sobre a poltrona e caminhou até a cozinha. Preparou café em silêncio, o cheiro quente se espalhando pelos cômodos ainda escuros. Era curioso como tudo ali já parecia familiar — como se seu corpo reconhecesse aquele espaço, como se aquela casa tivesse esperado por ela de algum modo.
Sentou-se na bancada, com a caneca entre as mãos, e abriu o caderno de Benjamin mais uma vez.
Ainda havia páginas não lidas.
Ela hesitou, mas depois respirou fundo e continuou. O trecho seguinte parecia ter sido escrito com mais pressa — como se Benjamin tivesse lutado contr