A noite chegou devagar, tingindo de dourado as janelas da casa de Lucas. Evelyn observava o céu escurecendo enquanto organizava os pratos do jantar na pia. Tinha cozinhado para os dois, e embora fosse algo simples — massa com legumes salteados —, a sensação de normalidade parecia extraordinária.
Lucas se aproximou por trás, rodeando a cintura dela com os braços. Encostou o rosto no pescoço de Evelyn, respirando fundo.
— O cheiro da sua comida vai ficar impregnado na casa — murmurou. — E eu espero que nunca saia.
Evelyn sorriu.
— Isso foi quase poético.
— Não... foi só literal mesmo. Mas tem poesia nisso, não tem?
Ela virou-se devagar, os braços deslizando pelos ombros dele.
— Tem poesia em tudo quando a gente para pra sentir.
Eles ficaram ali, colados, num silêncio cheio de intimidade. O tipo de silêncio que não sufoca. Que acolhe.
— Você ainda tem medo? — ele perguntou, sem pressa.
— Um pouco — respondeu. — Mas agora é um medo bom. O tipo que avisa que algo importa demais pra ser tra