O relógio marcava quase meia-noite quando Evelyn fechou o notebook com um suspiro cansado, mas o peso daquelas palavras ainda pulsava dentro dela. Lucas estava ao seu lado, silencioso, como se buscasse as respostas que Benjamin deixara para trás, mas também como se temesse o que poderia encontrar.
— Você quer dormir um pouco? — perguntou Evelyn, tentando soar calma, mas sua voz denunciava a tensão acumulada.
Lucas não respondeu imediatamente. Por fim, balançou a cabeça.
— Não. Quero ficar aqui com você. Preciso entender tudo.
Ela assentiu, sem saber se aquilo era uma boa ou má ideia. Naquele instante, a única certeza era que aquele momento — todo aquele turbilhão de emoções — não poderia ser evitado nem ignorado.
Evelyn levantou-se e foi até a cozinha. Preparou dois copos de água, que entregou a Lucas sem que ele desviasse os olhos da janela. A cidade à noite parecia distante, como se o mundo lá fora pertencesse a outra vida — uma vida onde as dores ainda não se instalavam tão fundo.