O dia começou como qualquer outro.
Ou quase.
O problema dos dias assim é que eles dão a falsa impressão de normalidade — e Heitor já aprendera que era nos momentos calmos que as tragédias germinavam. Valentina estava na sala dos fundos, revisando documentos, cercada de pedidos pendentes e equipe apressada. A luz natural da manhã recortava seu rosto de forma quase absurda, como se o caos do mundo não ousasse tocá-la enquanto ela se concentrava.
Ele a observava de longe, fingindo fazer rondas, checando saídas, disfarçando o nervosismo crescente desde que recebera a informação:
Missão paralela autorizada. Contato em solo. Alvo poderá ser testado.
Testado.
Era o tipo de eufemismo que a máfia usava quando queria ver o quão “protegido” alguém realmente estava.
Ele soube na mesma hora: Valentina era o alvo.
Não para morte direta — ainda não —, mas para uma “mensagem”. Um susto. Um recado ou um acidente.
Heitor sabia que, para evitar que tivessem sucesso, deveria se manter vigilante.
***
O c