O som da porta se fechando foi mais forte do que qualquer disparo que já ouvira.
Ele ficou parado no corredor por minutos que pareceram horas. O mundo seguiu, indiferente. Os carros passavam, buzinas distantes, crianças brincando na calçada. Mas dentro de Heitor, tudo havia silenciado.
Ela o expulsou.
Não com ódio, mas com o tipo de dor que não se remenda, com o tipo de adeus que vem depois da confiança destruída.
Ele andou até o carro sem olhar para trás. Entrou, ligou o motor, mas não dirigiu.
A cabeça encostada no volante, a respiração pesada, como se o próprio ar tivesse se tornado um castigo.
Você teve uma missão. Uma ordem clara. E falhou.
Mas a parte mais insuportável era outra:
Você a amou.
E ainda assim, mentiu.
***
Horas depois, num quarto barato de hotel em um bairro onde ninguém fazia perguntas, ele ligou a televisão.
Precisava de ruído.
Mas o ruído veio como soco.
“URGENTE: Polícia federal confirma que Alexei Duarte, desaparecido há seis anos, mantinha relações diretas c