O telefone tocou no meio da tarde. Breno olhou para o visor e entregou o aparelho a ela sem dizer nada, Valentina leu o nome na tela e sentiu o estômago revirar:
“AUGUSTO COSTA”
Ela pensou em não atender.
Mas atendeu.
— Pai.
— Até que enfim, pensei que teria que vir te buscar pessoalmente.
Ela revirou os olhos.
— Você está bem?
— Estou ótimo. Ainda vivo, apesar dos alarmistas de plantão. E agora que tudo estourou, é hora de agir, hora de eu assumir as rédeas.
Ela respirou fundo.
— Assumir as rédeas de quê, exatamente?
A resposta veio com o tom que ela conhecia desde criança. Frio. Racional. Irrefutável.
— Do conglomerado, da narrativa e da sua vida pública. Você vai dar um depoimento, Valentina, vai dizer que o Caligrafia está sendo vítima de chantagem. E que você confia em mim, como sempre confiou.
Ela ficou em silêncio por segundos longos.
— Não vou mentir por você.
— Não estou pedindo, estou te ordenando.
Ela riu. Baixo. Amargo.
— Isso nunca funcionou, pai.
— Sempre funcionou, filh