Era estranho o modo como ele passou a olhar para ela.
Não era como nas semanas anteriores — quando tentava esconder o desejo ou conter a proximidade. Agora, Heitor a observava como quem estava contando os dias. Ou minutos. Valentina fingia não perceber, mas cada movimento dele estava diferente.
Mais protetor. Mais metódico. Mais… urgente.
Na noite de quarta-feira, enquanto ela organizava relatórios do restaurante e rabiscava ideias para um novo menu, Heitor surgiu na cozinha com duas malas.
— Preciso te mostrar uma coisa — disse, direto.
— Que tipo de coisa?
— Um lugar, fora da cidade. Fica perto da fronteira e é seguro.
Ela franziu a testa, sem saber se ria ou se preocupava.
— Desde quando você planeja viagens sem me consultar?
Ele largou as malas perto da porta, a postura rígida demais.
— Desde que seu pai levou dois tiros e você recebeu flores da máfia no hospital. Estou preocupado com sua segurança, precisamos pensar em uma nova estratégia, uma mais eficiente.
Valentina congelou.