O movimento no bar ainda estava no auge quando Cecília, atrás do balcão, digitava os últimos números em uma planilha no notebook. O som dos copos, dos risos abafados e da música ambiente criava o cenário de sempre, mas bastou um leve desvio de atenção para que seus olhos encontrassem Enrico atravessando a porta. Ele ainda usava o terno do trabalho, os cabelos ligeiramente bagunçados e uma tensão visível nos ombros.
Ela o notou antes mesmo de ele procurá-la. Não foi só a presença dele que chamou sua atenção, mas o olhar carregado, a expressão fechada e o jeito direto com que caminhava até o canto do balcão, onde sempre a encontrava.
— O que aconteceu? — ela perguntou de imediato, fechando o notebook sem cerimônia.
Ele tentou suavizar o semblante, mas não conseguiu disfarçar completamente. A voz saiu baixa, contida.
— Nada grave. Mas eu preciso conversar com você. Com calma. Pode ser depois do expediente?
Cecília franziu o cenho, mas assentiu. — Claro.
Durante o resto da noite, ela não