O dia amanheceu nublado, como se o céu soubesse o que estava por vir.
Cecília acordou antes de Júlia, se arrastou até a cozinha e preparou café no piloto automático. Cada movimento era mecânico, como se o corpo funcionasse por inércia enquanto a mente lutava para se organizar.
Ela já havia decidido o que fazer e o que dizer para Enrico quando ele retornasse de viagem.
Júlia não tentou dissuadi-la quando contou. Apenas a abraçou forte, em silêncio, prometendo estar por perto, no que quer que ela decidisse.
Por volta das nove da manhã, o celular vibrou. O nome dele na tela fez o coração dela disparar.
Ela hesitou por alguns segundos antes de atender.
— Alô?
— Cecília — a voz dele veio grave, tensa. — O que aconteceu? O Gabriel me ligou dizendo que você pediu pra ele te deixar na sua casa, e não na minha. Por quê?
Ela respirou fundo, tentando manter a calma.
— Sua mãe apareceu no apartamento.
O silêncio do outro lado foi imediato, pesado.
— O quê?
— Enrico, eu achei melhor ir embora. Eu.