O som da sirene não era estridente, mas mesmo na madrugada, era o suficiente para atrair olhares dos vizinhos mais atentos. Cecília apertou a alça da bolsa junto ao corpo, como se ainda pudesse proteger alguma parte do que já havia sido violado. Enrico a guiou até a porta, mantendo o toque firme nas costas dela — um gesto sutil, mas constante, como se dissesse: estou aqui.
Dois policiais fardados desceram da viatura. Um deles, mais jovem, aproximou-se com um caderno de anotações e um olhar empático.
— Boa noite, senhorita. Podemos entrar?
— Claro — respondeu ela, a voz ainda presa na garganta.
Cecília e Enrico caminharam na frente. Cecília sentiu o peito apertar quando entrou. O estrago não era apenas visual. Era íntimo. Um ultraje silencioso que só quem já passou por aquilo entende.
— A senhorita poderia dar uma olhada com calma e ver se está faltando algo? — pediu o policial mais velho, pegando o celular para registrar fotos.
— Eu… eu não tenho muitas coisas de valor — murmurou, olh