O movimento no bar ainda era tímido quando Cecília chegou. O ambiente carregava o cheiro familiar de álcool e madeira antiga, mas aquele dia tinha um peso diferente. Ela não vestia o uniforme; usava uma blusa larga, o cabelo preso de qualquer jeito e uma expressão que não escondia a exaustão. Júlia percebeu de longe.
— O que aconteceu? — perguntou, assim que Cecília cruzou o balcão, largando a bolsa com um suspiro.
— Aconteceu tudo, Júlia. — A voz dela era baixa, mas firme. — Invadiram minha casa.
Júlia arregalou os olhos.
— Como assim, invadiram? Tá brincando?
— Queria. Mas não é piada. — Cecília respirou fundo e apoiou os cotovelos no balcão, cobrindo o rosto com as mãos por um instante antes de continuar. — Foi de madrugada. Quando cheguei em casa com o Enrico, vi a porta arrombada. Entraram, reviraram tudo… e levaram o pouco que eu tinha guardado. Inclusive o dinheiro do aluguel.
Júlia deu a volta no balcão e segurou a mão dela.
— Amiga… meu Deus. Você tá bem? E o que você fez?
—